Vidas, Mundos, Deus E Seus Desígnios (15 de março)

Na questão 11, de "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec pergunta à Espiritualidade Superior:

“Um dia será dado ao homem compreender o mistério da Divindade?”        

Resposta:         

“Quando seu espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e, pela sua perfeição, estiver próximo Dele, então, ele O verá e O compreenderá.”

Observação de Kardec:

"A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem O confunde, frequentemente, com a criatura, da qual lhe atribui as imperfeições. Mas, à medida que o seu senso moral se desenvolve, seu pensamento penetra melhor o fundo das coisas, e Dele faz uma idéia mais justa e mais conforme a sã razão, embora essa idéia seja incompleta.

Dessas considerações, temos que a criatura terrestre dificilmente terá acesso à realidade absoluta de Deus. Sendo assim, até que a humanidade consiga desenvolver uma compreensão mais aprofundada, muito embora sempre incompleta, do que Ele verdadeiramente é e representa, é natural que ainda alimente algumas dúvidas quanto à Sua existência."

O deboche (Enviado pelo Sr. Sabò, de Bordéus)

A escolha dos bons autores é muito útil. Os que exercem autoridade sobre vós, excitando-vos a imaginação por loucas paixões humanas, apenas corrompem o coração e o espírito. Com efeito, não é entre os apologistas da orgia, do deboche, da volúpia, entre os que preconizam os prazeres materiais, que se podem aproveitar lições de melhoramento moral. Pensai, pois, meus amigos, que se Deus vos deu paixões, foi com o fito de vos fazer concorrer para os seus desígnios, e não para satisfazê-las como um animal. Sabei que se gastardes a vossa vida em loucos prazeres que não deixam senão remorsos e o vazio no coração, não agis segundo os desígnios de Deus. Se vos é dado reproduzir a espécie humana, é que milhares de Espíritos errantes esperam no espaço a formação dos corpos de que necessitam para recomeçar suas provas e que usando as vossas forças em ignóbeis volúpias, ides contra a vontade de Deus, e vosso castigo será grande. Assim, bani essas leituras das quais não tirais nenhum fruto, nem para a inteligência, nem para o aperfeiçoamento moral. Que os escritores sérios de todos os tempos e de todos os países vos façam conhecer o belo e o bem; que elevem a vossa alma para o encanto da poesia e vos ensinem o útil emprego das faculdades com que vos dotou o Criador.

FELÍCIA

Filha do médium

OBSERVAÇÃO: Não existe algo de profundo e de sublime nessa ideia que dá à reprodução do corpo um objetivo tão elevado? Os Espíritos errantes esperam esses corpos, de que necessitam para o seu próprio adiantamento, e que os Espíritos encarnados estão encarregados de reproduzir, como o homem espera o produto da reprodução de certos animais para vestir-se e alimentar-se.

Daí ressalta outro ensinamento de alta significação. Se não se admite que a alma já tenha vivido, é absolutamente necessário que seja criada no momento da formação e para o uso de cada corpo, de onde se segue que a criação da alma por Deus estaria subordinada ao capricho do homem, e na maioria das vezes é o resultado do deboche. Como! Todas as leis religiosas e morais condenam a depravação dos costumes, e Deus se aproveitaria disto para criar almas! Perguntamos a todo homem de bom senso se é possível que Deus se contradiga a tal ponto. Não seria glorificar o vício, desde que serviria à realização dos mais elevados desígnios do Todo-Poderoso: a criação das almas? Que nos digam se tal não seria a consequência da formação simultânea das almas e dos corpos; e seria pior ainda se se admitisse a opinião dos que pretendem que o homem procria a alma ao mesmo tempo que o corpo. Admitam, ao contrário, a preexistência da alma, e toda contradição cessa, pois o homem não procria senão a matéria do corpo, e a obra de Deus, a criação da alma imortal que um dia dele se deve aproximar, não mais estará submetida ao capricho do homem. É assim que, fora da reencarnação, surgem a cada passo dificuldades insolúveis e que se cai na contradição e no absurdo quando se quer explicá-las. Também o princípio da unicidade da existência corpórea para decidir sem retorno os destinos futuros do homem, diariamente perde terreno e partidários. Então podemos dizer com segurança que dentro de pouco tempo, o princípio contrário será universalmente admitido como o único lógico, o único conforme à justiça de Deus, e proclamado pelo próprio Cristo quando disse: “Eu vos digo que é necessário nascer muitas vezes antes de entrar no Reino dos Céus.”

Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1861 > Junho > Dissertações e ensinos espíritas - Por ditados espontâneos > O deboche (Enviado pelo Sr. Sabò, de Bordéus)

 

COMPREENDAMOS

 “Sacrifícios, e ofertas, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram” — Paulo. (HEBREUS, 10:8)                                     

"O mundo antigo não compreendia as relações com o Altíssimo, senão através de suntuosas oferendas e pesados holocaustos.

Certos povos primitivos atingiram requintada extravagância religiosa, conduzindo sangue humano aos altares.

Tais manifestações infelizes vão-se atenuando no cadinho dos séculos; no entanto, ainda hoje se verificam lastimáveis pruridos de excentricidade, nos votos dessa natureza.

O Cristianismo operou completa renovação no entendimento das verdades divinas; contudo, ainda em suas fileiras costumam surgir absurdas promessas, que apenas favorecem a intromissão da ignorância e do vício.

A mais elevada concepção de Deus que podemos abrigar no santuário do espírito é aquela que Jesus nos apresentou, em no-lo revelando Pai amoroso e justo, à espera dos nossos testemunhos de compreensão e de amor.

Na própria Crosta da Terra, qualquer chefe de família, consciencioso e reto, não deseja os filhos em constante movimentação de ofertas inúteis, no propósito de arrefecer-lhe a vigilância afetuosa. Se tais iniciativas não agradam aos progenitores humanos, caprichosos e falíveis, como atribuir semelhante falha ao Todo Misericordioso, no pressuposto de conquistar a benemerência celeste?

É indispensável trabalhar contra o criminoso engano.

A felicidade real somente é possível no lar cristão do mundo, quando os seus componentes cumprem as obrigações que lhes competem, ainda mesmo ao preço de heróicas decisões. Com o Nosso Pai Celestial, o programa não é diferente, porque o Senhor Supremo não nos pede sacrifícios e lágrimas e, sim, ânimo sereno para aceitar-lhe a vontade sublime, colocando-a em prática."

Livro Pão Nosso de Chico Xavier e Emmanuel, mensagem n° 48

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