Conexões Mentais (22 de janeiro)
"Comunhão de pensamentos!
Compreendemos bem todo o alcance desta expressão? Seguramente, até
este dia, poucas pessoas dela tinham feito uma ideia completa. O Espiritismo,
que nos explica tantas coisas pelas leis que revela, ainda vem explicar a causa
e a força dessa situação do espírito.
Comunhão de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de
intenção, de vontade, de desejo, de aspiração.
Ninguém pode desconhecer que o pensamento
é uma força; mas uma força puramente moral e abstrata? Não: do contrário não se
explicariam certos efeitos do pensamento e, ainda menos, a comunhão de
pensamento. Para compreendê-lo, é preciso conhecer as propriedades e a ação dos
elementos que constituem nossa essência espiritual, e é o Espiritismo que
no-las ensina.
O pensamento é o atributo característico
do ser espiritual; é ele que distingue o espírito da matéria; sem o pensamento
o espírito não seria espírito. A vontade não é um atributo especial do
espírito; é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento
transformado em força motriz. É pela vontade que o espírito imprime aos membros
e ao corpo movimentos num determinado sentido. Mas, se tem a força de agir sobre
os órgãos materiais, quanto maior não deve ser essa força sobre os elementos
fluídicos que nos rodeiam!
O
pensamento atua sobre os fluidos ambientes, como o som age sobre o ar; esses fluidos
nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode, pois, dizer-se com
toda a verdade que há nesses fluidos ondas e raios de pensamentos que se cruzam
sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros.
Uma assembleia é um foco onde irradiam
pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos, onde cada
um produz a sua nota. Disto resulta uma imensidão de correntes e de eflúvios
fluídicos, dos quais cada um recebe a impressão pelo sentido espiritual, como
num coro musical cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição.
Mas, assim como há raios sonoros
harmônicos ou discordantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes.
Se o conjunto for harmônico, a impressão é agradável; se discordante, a
impressão será penosa. Ora, para isto, não é necessário que o pensamento seja
formulado em palavras; a irradiação fluídica não deixa de existir, quer seja ou
não expressa.
Se todas forem benéficas, os assistentes
experimentarão um verdadeiro bem-estar e se sentirão à vontade; mas se se
misturarem alguns pensamentos maus, produzirão o efeito de uma corrente de ar
gelado num meio tépido.
Tal é a causa do sentimento de satisfação
que se experimenta numa reunião simpática; aí reina uma espécie de atmosfera
moral salubre, onde se respira à vontade; daí se sai reconfortado, porque aí
nos impregnamos de eflúvios fluídicos salutares. Assim também se explicam a
ansiedade e o mal-estar indefinível que se sente num meio antipático, onde os
pensamentos malévolos provocam, a bem dizer, correntes fluídicas malsãs.
A comunhão de pensamentos produz, pois,
uma sorte de efeito físico que reage sobre o moral; só o Espiritismo poderia fazê-lo
compreender. O homem o sente instintivamente, já que procura as reuniões onde
sabe encontrar essa comunhão. Nessas reuniões homogêneas e simpáticas haure
novas forças morais; poder-se-ia dizer que aí recupera as perdas fluídicas
perdidas diariamente pela irradiação do pensamento, como recupera pelos alimentos
as perdas do corpo material.
A esses efeitos da comunhão de
pensamentos, junta-se um outro que é a sua consequência natural, e que importa
não perder de vista: é o poder que adquire o pensamento ou a vontade, pelo
conjunto dos pensamentos ou vontades reunidos. Sendo a vontade uma força ativa,
esta força é multiplicada pelo número de vontades idênticas, como a força
muscular é multiplicada pelo número dos braços.(…)
Por certo não era assim que o entendia
Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, aí
estarei entre elas.” Reunidos em meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas
não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios,
sua doutrina. Ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A
caridade em pensamentos, palavras e ações." Allan Kardec, Revista Espírita
de dezembro de 1868.
"A
caridade, meus amigos, se faz de muitas maneiras. Podeis fazê-la em pensamento,
em palavras e em ações. Em pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que
morreram sem terem sequer vivido; uma prece de coração os alivia. Em palavras:
dirigindo aos vossos companheiros alguns bons conselhos." E. S. E. Cap. X
III, item 10
"E como tudo se encadeia, sob as ordens
do Altíssimo, todas as lições recebidas e assimiladas resultarão nessa mudança
universal do amor ao próximo. Graças a ela, os Espíritos encarnados, melhor
julgando e melhor sentindo, dar-se-ão as mãos até os confins do vosso planeta.
Todos se reunirão, para entender-se e amar-se, destruindo todas as injustiças,
todas as causas de desentendimento entre os povos." E. S. E. Cap. XI, item
10
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