Consciência do Homem e a Justiça de Deus
VI – Os Tormentos Voluntários
FÉNELON
Lyon,
1860
"O homem está incessantemente à procura da felicidade, que lhe
escapa a todo instante, porque a felicidade sem mescla não existe na Terra.
Entretanto, apesar das vicissitudes que formam o inevitável cortejo desta vida,
dele poderia pelo menos gozar de uma felicidade relativa. Ma ele a procura nas
coisas perecíveis, sujeitas às mesmas vicissitudes, ou seja, nos gozos
materiais, em vez de buscá-la nos gozos da alma, que constituem uma antecipação
das imperecíveis alegrias celestes. Em vez de buscar a paz do coração, única
felicidade verdadeira neste mundo, ele procura com avidez tudo o que pode
agitá-lo e perturbá-lo. E, coisa curiosa, parece criar de propósito os
tormentos, que só a ele cabia evitar.
Haverá maiores tormentos que os causados pela inveja e o ciúme? Para o
invejoso e o ciumento não existe repouso: sofrem ambos de uma febre incessante.
As posses alheias lhes causam insônias; os sucessos dos rivais lhes provocam
vertigens; seu único interesse é o de eclipsar os outros; toda a sua alegria
consiste em provocar, nos insensatos como eles, a cólera do ciúme. Pobres
insensatos, com efeito, que não se lembram de que, talvez amanhã, tenham de
deixar todas as futilidades, cuja cobiça lhes envenena a vida! Não é a eles que
se aplicam estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão
consolados”, pois os seus cuidados não têm compensação no céu.
Quantos tormentos, pelo contrário,
consegue evitar aquele que sabe contentar-se com o que possui, que vê sem
inveja o que não lhe pertence, que não procura parecer mais do que é! Está
sempre rico, pois, se olha para baixo, em vez de olhar para cima de si mesmo,
vê sempre os que possuem menos do que ele. Está sempre calmo, porque não
inventa necessidades absurdas, e a calma em meio das tormentas da vida não será
uma felicidade?"
Livro
"O Evangelho segundo o Espiritismo, Cão. V, item 23
ESPIRITISMO EXPLICANDO
Reunião
Pública de 3-2-61
1ª
Parte, cap. I, item 14
Indagavas quanto ao Grande Porvir.
A Doutrina Espírita sossegou-te as ânsias,
explicando que te encontras provisoriamente no
mundo, a serviço do próprio burilamento,
para a imortalidade vitoriosa.
***
Perguntavas sobre os amargos desajustes
entre corpo e alma, quando a enfermidade ou a mutilação aparece.
A Doutrina Espírita asserenou-te a aflitiva
contenda íntima, explicando que a individualidade eterna se utiliza,
temporariamente, de um corpo imperfeito, como alguém que se vale de instrumento
determinado para determinada tarefa de corrigenda a si mesmo.
***
Inquirias com respeito à finalidade dos
problemas domésticos. A Doutrina Espírita harmonizou-te o pensamento,
explicando que o lar é instituto de regeneração e de amor, onde retomas a
convivência dos amigos e desafetos das existências passadas, para a construção
do futuro melhor.
***
Interrogavas em torno dos entes amados,
além do túmulo. A Doutrina Espírita dissipou-te as dúvidas, explicando que o
sepulcro não é o fim, tanto quanto o berço não é o princípio, e que toda
criatura, ao desenfaixar-se dos laços físicos, prossegue na marcha de
aprimoramento e ascensão, do ponto em que se achava na Terra.
***
Interpelavas o campo religioso, acerca da
Justiça Divina. A Doutrina Espírita suprimiu-te a inquietação, explicando que
Deus não concede privilégios, e que, em qualquer estância do Universo, a alma
recebe, inelutavelmente, da vida o bem ou o mal que dá de si própria.
Torturavas a mente, qual se devesses
respirar em cárcere de mistério, toda vez que cogitavas das questões
transcendentes da fé.
A Doutrina Espírita acalmou-te, explicando
que ninguém pode violentar os outros, em matéria de crença, acentuando, porém,
que toda fé, para nutrir-se de luz, deve ser raciocinada, em bases de lógica,
porquanto, diante das Leis divinas, cada consciência é responsável pelos
próprios destinos.
***
É necessário valorizar a Doutrina que,
generosamente, nos valoriza. Sustentar-lhe a integridade e a pureza, perante
Jesus que a chancela, é procurar o nosso aperfeiçoamento e trabalhar por nossa
união."
Livro
"Justiça Divina" de Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel
"Habitue-vos a não censurar o que não podeis compreender, e crede
que Deus é justo em todas as coisas. Frequentemente, o que vos parece um mal é
um bem. Mas as vossas faculdades são tão limitadas, que o conjunto do grande
todo escapa aos vossos sentidos obtusos. Esforçai-vos por superar, pelo
pensamento, a vossa estreita esfera, e à medida que vos elevardes, a
importância da vida terrena diminuirá aos vossos olhos. Porque, então, ela vos
aparecerá como um simples incidente, na infinita duração da vossa existência
espiritual, a única verdadeira existência."
Livro
"O Evangelho segundo o Espiritismo, Cão. V, item 22
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