Da Indulgência à Caridade (22 de novembro)
"Espíritas, queremos hoje vos falar da
indulgência, esse sentimento tão doce, tão fraternal, que todo homem deve ter
para com os seus irmãos, mas que tão poucos praticam. A indulgência não vê os
defeitos alheios, e se os vê, evita comentá-los e divulgá-los. Oculta-os, pelo
contrário, evitando que se propaguem, e se a malevolência os descobre, tem
sempre uma desculpa à mão para os disfarçar, mas uma desculpa plausível, séria,
e não daquelas que, fingindo atenuar a falta, a fazem ressaltar com pérfida
astúcia.
A indulgência jamais se
preocupa com os maus atos alheios, a menos que seja para prestar um serviço,
mas ainda assim com o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz
observações chocantes, nem traz censuras nos lábios, mas apenas conselhos,
quase sempre velados. Quando criticais, que dedução se deve tirar das vossas
palavras? A de que vós, que censurais, não praticastes o que condenais, e valeis
mais do que o culpado. Oh, homens! Quando passareis a julgar os vossos próprios
corações, os vossos próprios pensamentos e os vossos próprios atos, sem vos
ocupardes do que fazem os vossos irmãos? Quando fitareis os vossos olhos
severos somente sobre vós mesmos?
Sede, pois, severos convosco e
indulgentes para com os outros. Pensai naquele que julga em última instância,
que vê os secretos pensamentos de cada coração, e que, em consequência,
desculpa frequentemente as faltas que condenais, ou condena as que desculpais,
porque conhece o móvel de todas as ações. Pensai que vós, que clamais tão alto:
“anátema!” talvez tenhais cometido faltas mais graves.
Sede indulgentes meus amigos,
porque a indulgência atrai, acalma, corrige, enquanto o rigor desalenta, afasta
e irrita.
Evangelho
Segundo o Espiritismo, Cap. X, Item 16
"Q n° 886Qual o
verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?”
R: “Benevolência para com
todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.
Livro dos Espíritos
"Perdão e vida"
Perdão é requisito
essencial no erguimento da libertação e da paz.
Habituamo-nos a pensar
que Jesus nos teria impulsionado a desculpar "setenta vezes sete
vezes" unicamente nos casos de ofensa à dignidade pessoal ou nas
ocorrências do delito culposo, entretanto, o apelo do Evangelho nos alcança em
áreas muito mais extensas da vida.
Se somarmos as inquietações
e sofrimentos que infligimos a nós mesmos por não perdoarmos aos entes amados
pelo fato de não serem eles as pessoas que imaginávamos ou desejávamos fossem,
surpreende-remos connosco volumosa carga de ressentimento que nada mais é senão
peso morto, a impelir-nos para o fogo inútil do desespero.
Isso ocorre em todas as
posições da vida.
Esquecemo-nos de que
nenhum ser existe imobilizado, que todos experimentamos alterações no curso do
tempo e não relevamos facilmente os amigos que se modificam, sem refletir que
também nós estamos a modificar-nos diante deles.
Casamento,
companheirismo, equipe, agrupamento e sociedade são instituições nas quais é
forçoso que o verbo amar seja conjugado todos os dias.
Na Terra, esposamos
alguém e verificamos, muitas vezes, que esse alguém não é a criatura que
aguardávamos; entregamo-nos a determinados amigos e observamos que não
correspondem ao retrato espiritual que fazíamos deles; ou abraçamos parentes e
colegas para a execução de certos empreendimentos e notamos, por fim, que não
se harmonizam com os nossos planos de trabalho e passamos a sofrer pela
incapacidade de tolerar as condições e realidades que lhes são próprias.
Reflitamos, no entanto,
que os outros se alteram à nossa frente, quase sempre na medida em que nos
alteramos para com eles.
Necessário compreender
que se todos somos capazes de auxiliar a alguém, ninguém, pode mudar ninguém,
através de atitudes compulsórias, porquanto cada criatura é uma criação
original do Criador.
Aceitemos quantos
convivam connosco, tais quais são, reconhecendo que para manter a bênção do
amor, entre nós, não nos compete exigir a sublimação alheia e sim trabalhar
incessantemente e quanto nos seja possível pela própria sublimação.
Livro "Indulgência" Mensagem n°
7, de Chico Xavier e Emmanuel
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