Quês e Porquês de um Espírita: Pluralidade dos Mundos Habitados (31 de julho)



Pluralidade dos Mundos
"Quem ainda não se perguntou, considerando a Lua e os outros astros, se esses globos são habitados?
 Antes que a Ciência nos houvesse iniciado na natureza desses astros, podia-se duvidar; hoje, no estado atual de nossos conhecimentos, pelo menos há probabilidade; mas, a essa ideia verdadeiramente sedutora, são feitas objeções tiradas da própria Ciência.
 Parece, dizem, que a Lua não tem atmosfera e, provavelmente, não tem água.

 Em Mercúrio, tendo em vista a sua proximidade do Sol, a temperatura média deve ser a do chumbo fundido, de sorte que, se ali houver este metal, deve correr como a água dos nossos rios.
 Em Saturno dá-se exatamente o oposto; não temos um termo de comparação para o frio que lá deve reinar; a luz do Sol deve ser muito fraca, apesar do reflexo de suas sete luas e de seu anel, porquanto, àquela distância, o Sol não deve parecer senão como estrela de primeira grandeza.
 Em tais condições, pergunta-se se seria possível viver.
 Não se concebe que semelhante objeção possa ser feita por homens sérios.
 Se a atmosfera da Lua não foi percebida, será racional inferir que não exista?
 Não poderá ser formada de elementos desconhecidos ou bastante rarefeitos para não produzirem refração sensível?
 Diremos a mesma coisa da água ou dos líquidos ali existentes.
 Em relação aos seres vivos, não seria negar o poder divino julgar impossível uma organização diferente da que conhecemos, quando, sob nossos olhos, a providência da Natureza se estende com
uma solicitude tão admirável até o menor inseto, dando a todos os seres órgãos apropriados ao meio em que devem viver, seja a água, o ar ou a terra, estejam imersos na escuridão ou expostos à luz do Sol?
 Se jamais houvéssemos visto peixes, não poderíamos conceber seres vivendo na água; não faríamos uma ideia de sua estrutura.
 Ainda há pouco tempo, quem teria acreditado que um animal pudesse viver indefinidamente no seio de uma pedra?

 Mas, sem falar desses extremos, os seres que vivem sob o forte calor da zona tórrida poderiam existir nos gelos polares?
 E, entretanto, há nesses gelos seres organizados para esse clima rigoroso, incapazes de suportar a ardência de um sol tropical.
 Por que, então, não admitir que os seres possam ser constituídos de maneira a viver em outros globos e em um meio totalmente diferente do nosso?
 Seguramente, sem conhecer a constituição física da Lua, dela sabemos o bastante para estarmos certos de que, tais quais somos, ali não poderíamos viver, como não o podemos no seio do oceano, na companhia dos peixes.
 Pela mesma razão, se os habitantes da Lua, constituídos para viver sem ar ou num ar muito rarefeito, talvez completamente diverso do nosso, pudessem um dia vir à Terra, seriam asfixiados em nossa espessa atmosfera, como ocorre connosco quando caímos na água.
 Ainda uma vez, se não temos a prova material e de visu da presença de seres vivos em outros mundos, nada prova que não possam existir organismos apropriados a um meio ou a um clima qualquer.
 Ao contrário, diz-nos o simples bom-senso que deve ser assim, uma vez que repugna à razão acreditar que esses inumeráveis globos que circulam no espaço não passem de massas inertes e improdutivas.
 A observação, ali, nos mostra superfícies acidentadas, como aqui, por montanhas, vales, barrancos, vulcões extintos ou em atividade; por que, então, lá não haveria seres orgânicos? Seja,
dirão; que haja plantas, mesmo animais, é possível; porém, seres humanos, homens civilizados como nós, conhecendo Deus, cultivando as artes, as ciências, será possível?"  Revista Espírita de MARÇO DE 1858
 "O progresso é uma das leis da natureza. Todos os seres da Criação, animados e inanimados, estão submetidos a ela, pela bondade de Deus, que deseja que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que parece, para os homens, o fim das coisas, é apenas um meio de levá-las, pela transformação, a um estado mais perfeito, pois tudo morre para renascer, e nada volta para o nada.
Ao mesmo tempo em que os seres vivos progridem moralmente, os mundos que eles habitam progridem materialmente. Quem pudesse seguir um mundo em suas diversas fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos da sua constituição, o veria percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas em graus insensíveis para cada geração, e oferecer aos seus habitantes uma morada mais agradável, à medida que eles também avançam na senda do progresso. Assim marcham paralelamente os progressos do homem, o dos animais seus auxiliares, o dos vegetais e o das formas de habitação, porque nada fica estacionário na natureza.
Quanto esta ideia é grandiosa e digna da majestade do Criador! E como, ao contrário, é pequena e indigna do seu poder aquela que concentra a sua solicitude e a sua providência no impercetível grão de areia da Terra, e restringe a humanidade a algumas criaturas que o habitam!
A Terra, seguindo essa lei, esteve material e moralmente num estado inferior ao de hoje, e atingirá, sob esses dois aspetos, um grau mais avançado. Ela chegou a um de seus períodos de transformação, e vai passar de mundo expiatório a mundo regenerador. Então os homens encontrarão nela a felicidade, porque a lei de Deus a governará." E. S. E. Cap. III, item 19

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