Compreendendo os Sonhos (7 de agosto)

"Os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de  clarividência indefinida, que se estende aos lugares os mais distantes ou que jamais se viu, e algumas vezes mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que retraça na memória os acontecimentos verificados na existência presente ou nas existências anteriores. A extravagância das imagens referentes ao que se passa ou se  passou em mundos desconhecidos entremeadas de coisas do mundo atual formam esses conjuntos bizarros e confusos que parecem não ter senso nem nexo.
      A incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas decorrentes da lembrança incompleta do que nos apareceu no sonho. Tal como um relato ao qual se tivessem truncado frases ou partes de frases ao acaso: os fragmentos restantes sendo reunidos, perderiam toda significação racionai." Livro Dos Espíritos, Q. n° 402, Comentário de Kardec

"Teoria dos Sonhos"      
 " É realmente estranho que um fenômeno tão vulgar quanto o dos sonhos tenha sido objeto de tanta indiferença da parte da Ciência, e que ainda se esteja a perguntar a causa dessas visões. Dizer que são produtos da imaginação não é resolver a questão; é uma dessas palavras com o auxílio da qual querem explicar o que não compreendem e que nada explicam. Em todo o caso, a imaginação é um produto do entendimento. Ora, como não se pode admitir entendimento nem imaginação na matéria bruta, é preciso que se creia que a alma nisto entra em alguma coisa. Se os sonhos ainda são um mistério para a Ciência, é que ela se obstinou em fechar os olhos para a causa espiritual.
 Procura-se a alma nos refolhos do cérebro, enquanto ela se ergue a cada instante à nossa frente, livre e independente, numa imensidão de fenômenos inexplicáveis tão-só pelas leis da matéria, notadamente nos sonhos, no sonambulismo natural e artificial e na dupla vista a distância; não nos fenômenos raros, excecionais, sutis, que exigem pacientes pesquisas do sábio e do filósofo, mas nos mais vulgares; lá está ela, parecendo dizer: Olhai e me vereis; estou aos vossos olhos e não me vedes; vistes-me muitas e muitas vezes; vedes-me todos os dias; até as crianças me vêem; o sábio e o ignorante, o homem de gênio e o idiota me vêem, e não me reconheceis.
 Mas há pessoas que parecem ter medo de olhá-la de frente, e de adquirir a prova de sua existência. Quanto aos que a procuram de boa-fé, até hoje lhes faltou a única chave com a qual a teriam reconhecido. Esta chave o Espiritismo acaba de dar pela lei que rege as relações entre o mundo corporal e o mundo espiritual. Auxiliado por esta lei e pelas observações sobre que se apóia, ele dá dos sonhos a mais lógica explicação jamais fornecida; demonstra que o sonho, o sonambulismo, o êxtase, a dupla vista, o pressentimento, a intuição do futuro, a penetração do pensamento não passam de variantes e de graus de um mesmo princípio: a emancipação da alma, mais ou menos desprendida da matéria.
 Em relação aos sonhos, dá ele conta precisa de todas as variedades que apresentam? Não, ainda não; possuímos o princípio, e já é muito; os que podemos explicar por-nos-ão no caminho dos outros; sem dúvida ainda nos faltam alguns conhecimentos, que adquiriremos mais tarde.
Não há uma única ciência que, de um salto, tenha desenvolvido todas as suas consequências e aplicações; elas não poderão completar-se senão por observações sucessivas. Ora, nascido ontem, o Espiritismo está como a Química nas mãos dos Lavoisier e dos Berthollet, seus primeiros criadores; estes descobriram as leis fundamentais. As primeiras balizas fincadas puseram na via de novas descobertas.

 Entre os sonhos uns há que têm um caráter de tal modo positivo que, racionalmente, não poderiam ser atribuídos apenas a um jogo da imaginação; tais são aqueles nos quais se adquire, ao despertar, a prova da realidade do que se viu, e em que absolutamente não se pensava. Os mais difíceis de explicar são os que nos apresentam imagens incoerentes, fantásticas, sem realidade aparente. Um estudo mais aprofundado do singular fenômeno das criações fluídicas sem dúvida nos porá no caminho."                                                                                                   REVISTA ESPÍRITA, julho de 1865
"São chegados os tempos em que as ideias morais devem desenvolver-se,para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus. Elas devem seguir o mesmo roteiro que as ideias de liberdade seguiram, como suas precursoras. Mas não se pense que esse desenvolvimento se fará sem lutas. Não, porque elas necessitam, para chegar ao amadurecimento, de agitações e discussões, a fim de atraírem a atenção das massas. Uma vez despertada a atenção, a beleza e a santidade da moral tocarão os Espíritos, e eles se dedicarão a uma ciência que lhes traz a chave da vida futura e lhes abre a porta da felicidade eterna. Foi Moisés quem abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá." E. S. E. Cap. I, item 9


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Literatura Espírita

Ciúme (17 janeiro)