Mediunidade nas crianças (21 de maio)


MEDIUNIDADE DE VIDÊNCIA NAS CRIANÇAS

            Um dos nossos correspondentes nos escreve de Caen:

            “Ultimamente e u estava no hotel Saint-Pierre, em Caen; tomava um copo de cerveja enquantolia um jornal. A filhinha da casa, creio com cerca de quatro anos, estava sentada na escada e comia cerejas. Não percebia que eu a via e parecia entregue numa conversa com seres invisíveis, aos quais oferecia cerejas. Tudo o indicava: sua fisionomia, seus gestos, as inflexões da voz. Ora se virava bruscamente, dizendo: Tu, tu não as terás; não és gentil. – Eis para ti, dizia a uma outra. – Então, o que é que me atiras? dizia a uma terceira. Dir-se-ia rodeada por outras crianças; ora se levantava, estendia as mãos, oferecendo o que tinha; ora seus olhos seguiam objetos invisíveis para mim, que a entristeciam ou a faziam dar gargalhadas. Esta pequena cena durou mais de meia hora e a conversa só terminou quando a menina percebeu que eu a observava. Sei que muitas vezes as crianças se divertem em apartes deste gênero, mas aqui era completamente diferente; a fisionomia e as maneiras refletiam impressões reais, que não eram as de um jogo representado. Eu pensava, sem dúvida, que era um médium vidente ainda verde, e me dizia que se todas as mães de família fossem iniciadas nas leis do Espiritismo, aí colheriam numerosos casos de observação e se explicariam muitos fatos que passam despercebidos, e cujo conhecimento lhes seria útil para a direção de seus filhos.”
É lamentável que o nosso correspondente não tenha tido a ideia de interrogar essa menina sobre as pessoas com as quais ela conversava. Teria podido assegurar-se se a conversa realmente tinha ocorrido com seres invisíveis e, neste caso, daí poderia ter saído uma instrução tanto mais importante porque, sendo o nosso correspondente um espírita muito esclarecido, poderia dirigir utilmente as perguntas. Seja como for, muitos outros fatos provam que a mediunidade de vidência é muito comum, se não mesmo geral, nas crianças, e isto é providencial. Ao sair da vida espiritual, os guias da criança vêm conduzi-la ao porto de embarque para o mundo terrestre, como vêm buscá-la em seu retorno.
Mostram-se a elas nos primeiros tempos, a fim de que a transição não seja muito brusca; depois se apagam pouco a pouco, à medida que a criança cresce e pode agir em virtude de seu livre-arbítrio. Então a deixam às suas próprias forças, desaparecendo aos seus olhos, mas sem a perder de vista. A filhinha em questão, em vez de ser, como pensa o nosso correspondente, um médium vidente ainda verde, bem poderia estar em seu declínio, e não mais gozar desta faculdade para o resto da vida. (Vide a Revista de fevereiro de 1865: Espíritos instrutores da infância).” 
Allan Kardec, Revista Espírita de setembro de 1866

“6ª Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças? 
“Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respetivas imaginações
excessiva sobrexcitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas ideias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das consequências morais.” 
Há, no entanto, crianças que são médiuns naturalmente, quer de efeitos físicos, quer de escrita e de visões. Apresenta isto o mesmo inconveniente?
“Não; quando numa criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na sua natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece, quando é provocada e sobrexcitada. Nota que a criança, que tem visões, geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece. Mais tarde, o fato lhe volta à memória e ela o explica facilmente, se conhece o Espiritismo.”

  Em que idade se pode ocupar, sem inconvenientes, de mediunidade?
"Não há idade precisa, tudo dependendo inteiramente do desenvolvimento físico e, ainda mais, do desenvolvimento moral. Há crianças de doze anos a quem tal coisa afetará menos do que a algumas pessoas já feitas. Falo da mediunidade, em geral; porém, a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo; a da escrita tem outro inconveniente, derivado da inexperiência da criança, dado o caso de ela querer entregar-se a sós ao exercício da sua faculdade e fazer disso um brinquedo.”
Livro dos Médiuns, Cap. XVIII

“Todos nós temos um Bom Espírito, ligado a nós desde o nascimento, que nos tomou sob a sua proteção. Cumpre junto a nós a missão de um pai junto ao filho: a de nos conduzir no caminho do bem e do progresso, através das provas da vida. Ele se sente feliz quando correspondemos à sua solicitude, e sofre quando nos vês sucumbir. Seu nome pouco importa, pois que ele pode não ter nenhum nome conhecido na Terra. Invocamo-lo, então, como o nosso Anjo Guardião, o nosso Bom Gênio. Podemos mesmo invocá-lo com o nome de um Espírito Superior, pelo qual sintamos uma simpatia especial."
 Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.XXVIII, item 11 

  “Oh! espíritas! Compreendei neste momento o grande papel da Humanidade! Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que se encarna vem do espaço para progredir. Tomai conhecimento dos vossos deveres, e ponde todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus: é essa a missão que vos está confiada e da qual recebereis a recompensa, se a cumprirdes fielmente. Vossos cuidados, a educação que lhe derdes, auxiliarão o seu aperfeiçoamento e a sua felicidade futura. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: “Que fizestes da criança confiada à vossa guarda?”
E. S. E. Cap. XIV, item 9

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