Velhice: transformação em Beleza (9 de julho)


Este tema convida a uma reflexão sobre a velhice, poeticamente o outono da vida. Sabemos existir um grande tabu em torno da morte, como se esta fosse algo evitável e o simples facto de falar ou pensar sobre ela a atraísse, porém hoje o mesmo horror se estende na sociedade atual à velhice, esta etapa da vida também se tornou tabu e muitos daqueles que nela se encontram a repudiam, o que impede que possam retirar desta linda etapa da vida o seu real propósito. Afinal envelhecer é a única forma de não morrer cedo...
Na explanação de hoje, procuraremos refletir acerca do tema, dentro da ótica espirita. Compreendendo o que nos leva à rejeição das marcas dos anos e qual a atitude que devemos ter, uma vez que envelhecer é muito mais uma questão de atitude do que uma questão fisiológica, pois nunca devemos esquecer que somos seres espirituais e que a morte, não é o fim.

Ficam aqui algumas sugestões de leitura:

“Por que a última etapa de nossa existência, a que precede imediatamente o coroamento do destino, seria mais desolada que as outras? Isto seria uma contradição — e não poderia existir na obra
divina — nela tudo é harmonia, como na viva composição de um concerto impecável. ao contrário, a velhice é bela, ela é grande, ela é santa; (…)
A velhice recapitula todo o livro da vida, resume os dons das outras épocas da existência, sem delas ter as ilusões, nem as paixões, nem os erros. O ancião viu o nada de tudo o que ele deixa; entreviu a certeza de tudo o que virá, é um vidente. Ele sabe, crê, vê, espera. Em torno de sua fronte, coroada por uma branca cabeleira como a faixinha hierática dos antigos pontífices, paira uma majestade inteiramente sacerdotal. À falta dos reis, em alguns povos, eram os anciãos que governavam. a velhice é ainda, e apesar de tudo, uma das belezas da vida, e, certamente, uma de suas harmonias mais elevadas. (…)
 A velhice é santa, é pura como a primeira infância; é por isso que ela se aproxima de Deus e que vê mais claro e mais longe nas profundezas do Infinito. Na realidade, ela é um início de desmaterialização. a insônia, que é a característica comum dessa idade, é a prova material disso. a velhice se assemelha a uma vigília prolongada, a vigília da eternidade, e o ancião é como a sentinela avançada na extrema fronteira da vida; ele já tem um pé na terra prometida e vê a outra margem e a segunda vertente do destino.
 Daí essas “ausências estranhas”, essas distrações prolongadas, que tomamos por um enfraquecimento mental e que, na realidade, são apenas explorações momentâneas no além, isto é, fenômenos de expatriação passageira.
 Eis o que nem sempre se compreende. a velhice, têm-se dito com frequência: é a tarde da vida, é a noite. a tarde da vida, é verdade; mas há tardes tão belas e poentes que têm reflexos de apoteose!
 É a noite: é verdade ainda, mas a noite é tão bela com seu ornamento de constelações! Como a noite, a velhice tem suas Vias Lácteas, suas estradas brancas e luminosas, reflexo esplêndido de uma longa vida repleta de virtude, de bondade, de honra! (…)
O ancião tem uma faculdade preciosa: a de esquecer. Tudo o que foi fútil, inútil na sua vida, apaga-se; ele apenas guarda na sua memória, como no fundo de um cadinho, o que foi substancial. (…)
 O ancião curva a sua cabeça e a inclina sobre seu coração. Ele se aplica em converter em amor tudo o que nele resta de faculdades, de vigor e de lembranças. a velhice não é, portanto, uma decadência: ela é realmente um progresso; uma marcha adiante na direção do termo: a esse título, é uma das bênçãos do Céu.”
León Denis, Livro “O Grande Enigma”

“Crede que estas sábias palavras: “Amai muito, para serdes amados”, seguirão os seus cursos. Esta máxima é revolucionária e segue uma rota firme e invariável. Mas vós já haveis progredido, vós que me escutais: sois infinitamente melhores do que há cem anos; de tal maneira vos modificastes para melhor, que aceitais hoje sem repulsa uma infinidade de ideias novas sobre a liberdade e a fraternidade, que antigamente teríeis rejeitado. Pois daqui a cem anos aceitará também, com a mesma facilidade, aquelas que ainda não puderam entrar na vossa cabeça.
Hoje, que o movimento espírita avançou bastante, vede com que rapidez as ideias de justiça e de renovação, contidas nos ditados dos Espíritos, são aceitas pela metade das pessoas inteligentes. É que essas ideias correspondem ao que há de divino em vós. É que estais preparados por uma semeadura fecunda: a do último século, que implantou na sociedade as grandes ideias de progresso. E como tudo se encadeia, sob as ordens do Altíssimo, todas as lições recebidas e assimiladas resultarão nessa mudança universal do amor ao próximo. (…)
  Grande pensamento de renovação pelo Espiritismo tão bem exposto em O Livro dos Espíritos, tu produzirás o grande milagre do século futuro, o da reunião de todos os interesses materiais e espirituais dos homens, pela aplicação desta máxima bem compreendida: Amai muito, para serdes amados!”
Lei de Amor, E. S. E. Cap. XI, item 10

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