Espreitando o Espiritismo: Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo – Ressurreição e Reencarnação (12 de Novembro de 2019)









RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO
            “A reencarnação fazia parte dos dogmas judeus, sob o nome de ressurreição. Somente os saduceus, que pensavam que tudo acabava com a morte, não acreditavam nela. As ideias dos judeus sobre essa questão, como sobre muitas outras, não estavam claramente definidas. Porque só tinham noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo. Eles acreditavam que um homem podia reviver, sem terem uma ideia precisa da maneira por que isso se daria, e designavam pela palavra ressurreição o que o Espiritismo chama, mais justamente, de reencarnação.”
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, item 4

            “Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo ou doutra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer e a cada semente, o seu próprio corpo. Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é carne dos homens, e outra, a carne dos animais, e outra, a das aves, e outra, a dos peixes.
            “E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes, e outra, a dos terrestres. Uma é a glória do Sol, e outra, a glória da Lua, e outra, a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela.
            “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual.
            “E, agora, digo isto, irmãos: que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção.” (São Paulo, 1a epístola aos Coríntios, capítulo XV, versículos 35 a 44 e 50).
            Que pode ser este corpo espiritual, que não é o corpo animal, senão o corpo fluídico, cuja existência é demonstrada pelo Espiritismo – o perispírito – de que a alma é revestida após a morte? Com a morte do corpo o Espírito entra em perturbação; por um instante perde a consciência de si mesmo; depois recupera o uso de suas faculdades e renasce para a vida inteligente; numa palavra, ressuscitará com o seu corpo espiritual.
            O último parágrafo, relativo ao juízo final, contradiz positivamente a doutrina da ressurreição da carne, pois diz: “A carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus.” Assim, os mortos não ressuscitarão com sua carne e seu sangue, nem terão necessidade de reunir seus ossos dispersos, mas terão seu corpo celeste, que não é o corpo animal. Se o autor do Catecismo filosófico tivesse meditado bem o sentido destas palavras, teria evitado fazer o intrincado cálculo matemático a que se entregou, para provar que todos os homens mortos desde Adão, ressuscitando em carne e osso, com seus próprios corpos, poderiam caber perfeitamente no vale de Josafá, sem muito incómodo.
            Assim, São Paulo estabeleceu em princípio e em teoria o que hoje ensina o Espiritismo sobre o estado do homem após a morte.
             Mas São Paulo não foi o único a pressentir as verdades ensinadas pelo Espiritismo. A Bíblia, os Evangelhos, os apóstolos e os Pais da Igreja dele estão cheios, de sorte que condenar o Espiritismo é negar as próprias autoridades sobre as quais se apoia a religião. Atribuir todos os seus ensinamentos ao demónio é lançar o mesmo anátema sobre a maioria dos autores sacros. O Espiritismo, pois, não vem destruir, mas, ao contrário, restabelecer todas as coisas, isto é, restituir a cada coisa o seu verdadeiro sentido.”
Revista Espírita de 1863, mês de Dezembro

            Não é, pois, duvidoso, que sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação fosse uma das crenças fundamentais dos judeus, e que ela foi confirmada por Jesus e pelos profetas, de maneira formal. Donde se segue que negar a reencarnação é renegar as palavras do Cristo. Suas palavras, um dia, constituirão autoridade sobre este ponto, como sobre muitos outros, quando forem meditadas sem partidarismo.
            A essa autoridade, de natureza religiosa, virá juntar-se no plano filosófico, a das provas que resultam da observação dos fatos. Quando dos efeitos se quer remontar às causas, a reencarnação aparece como uma necessidade absoluta, uma condição inerente à humanidade, em uma palavra, como uma lei da natureza. Ela se revela, pelos seus resultados, de maneira por assim dizer material, como o motor oculto se revela pelo movimento que produz. Somente ela pode dizer ao homem de onde ele vem, para onde vai, por que se encontra na Terra, e justificar todas as anomalias e todas as injustiças aparentes da vida.
Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências, a maior parte das máximas do Evangelho são ininteligíveis, e por isso tem dado motivo a interpretações tão contraditórias. Esse princípio é a chave que deve restituir-lhes o verdadeiro sentido.”
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, itens 16 e 17

https://www.youtube.com/watch?v=t6JD5dujdmE

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