Espreitando o Espiritismo: Reencarnação e Os Laços de Família (19 de novembro)



                 “Os laços de família não são destruídos pela reencarnação, como pensam  certas pessoas. Pelo contrário, são fortalecidos e reapertados. O princípio oposto é que os destrói.
            Os Espíritos formam, no espaço, grupos ou famílias, unidos pela afeição, pela simpatia e a semelhança de inclinações. Esses Espíritos, felizes de estarem juntos, procuram-se. A encarnação só os separa momentaneamente, pois que, uma vez retornando a erraticidade, eles se reencontram, como amigos na volta de uma viagem. Muitas vezes eles seguem juntos na encarnação, reunindo-se numa mesma família ou num mesmo círculo, e trabalham juntos para o seu progresso comum. Se uns estão encarnados e outros não, continuarão unidos pelo pensamento. Os que estão livres velam pelos que estão cativos, os mais adiantados procurando fazer progredir os retardatários. Após cada existência terão dado mais um passo na senda da perfeição.”
Os Laços de Família são Fortalecidos pela Reencarnação e Rompidos pela Unicidade da Existência,
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, item 18

Dissertações Espíritas
NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO
(Sociedade Espírita de Sens – Médium: Sr. Percheron)
            “Quis Deus que o Espírito do homem fosse ligado à matéria para sofrer as vicissitudes do corpo, com o qual se identifica a ponto de iludir-se e de o tomar por si mesmo, quando não passa de sua prisão passageira; é como se um prisioneiro se confundisse com as paredes da cela. Os materialistas são muito cegos por não perceberem seu erro, porquanto, se quisessem refletir um pouco seriamente, veriam que não é pela matéria do corpo que se podem manifestar; concluiriam que, desde que a matéria desse corpo se renova continuamente, como a água de um rio, não é senão pelo Espírito que podem saber que são sempre eles mesmos.
            Suponhamos que o corpo de um homem que pesasse sessenta quilos assimile, para a reparação de suas forças, um quilo de nova substância por dia, a fim de substituir a mesma quantidade de antigas moléculas de que se separa e que cumpriram o papel que deviam desempenhar na composição de seus órgãos; assim, ao cabo de sessenta dias a matéria desse corpo estaria renovada. Nesta hipótese, cujos números podem ser contestados, mas verdadeira em princípio, a matéria do corpo renovar-se-ia seis vezes por ano; portanto, o corpo de um homem de vinte anos já se teria renovado cem vezes; aos quarenta, duzentas e quarenta vezes; aos oitenta, quatrocentas e oitenta vezes. Mas o vosso Espírito se terá renovado? Não, pois tendes consciência de que sois sempre vós mesmos. É, pois, o vosso Espírito que constitui o vosso “eu”, e segundo o qual vós vos manifestais, e não o vosso corpo, que não passa de matéria efémera e mutável.
            Os materialistas e os panteístas dizem que as moléculas desagregadas depois da morte do corpo retornam à massa comum de seus elementos primitivos, o mesmo se dando com a alma, isto é, com o ser que pensa em vós; mas que sabem eles disso? Há uma massa comum de substância que pensa? Jamais o demonstraram, e é o que deveriam ter feito antes de afirmar. Da parte deles não passa de uma hipótese. Ora, se durante a vida do corpo as moléculas se desagregam centenas de vezes, não obstante o Espírito seja sempre o mesmo e conserve a consciência de sua individualidade, não é mais lógico supor que a natureza do Espírito não é passível de desagregar-se? Por que, então, se dissolveria após a morte do corpo, e não antes?
            Após esta digressão, dirigida aos aterialistas, volto ao meu assunto. Se Deus quis que suas criaturas espirituais fossem momentaneamente unidas à matéria, é, repito, para as fazer sentir e, a bem dizer, para que sofressem as necessidades que a matéria exige de seus corpos, no que respeita ao seu sustento e conservação. Dessas necessidades nascem as vicissitudes que vos fazem sentir o sofrimento e compreender a comiseração que deveis ter por vossos irmãos na mesma posição. Esse estado transitório é, pois, necessário ao adiantamento do vosso Espírito, que, sem isto, ficaria estagnado. As necessidades que o corpo vos faz experimentar estimulam os vossos Espíritos e os forçam a buscar os meios de as prover; desse trabalho forçado nasce o desenvolvimento do pensamento. Constrangido a presidir aos movimentos do corpo para os dirigir, visando a sua conservação, o Espírito é conduzido ao trabalho material e daí ao trabalho intelectual, necessários um ao outro, pois a realização das conceções do Espírito exige o trabalho do corpo e este não pode ser feito senão sob a direção e o impulso do Espírito. Tendo assim o Espírito adquirido o hábito de trabalhar, e a ele constrangido pelas necessidades do corpo, o trabalho, por sua vez, se lhe torna uma necessidade; e quando, desprendido de seus laços, não tem mais de pensar na matéria, pensa em trabalhar em si mesmo para o seu adiantamento.
            Agora compreendeis a necessidade para o vosso Espírito de estar ligado à matéria durante uma parte de sua existência, para não ficar estacionário.
                                        Teu pai, Percheron, assistido pelo Espírito Pascal Observação

A estas observações, perfeitamente justas, acrescentaremos que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para a melhoria do mundo em que habita, assim ajudando a sua transformação e o seu progresso material, que estão nos desígnios de Deus, de quem é o instrumento inteligente. Na sua sabedoria previdente, quis a Providência que tudo se encadeasse na Natureza; que, todos, homens e coisas, fossem solidários. Depois, quando o Espírito houver realizado a sua tarefa e estiver suficientemente adiantado, gozará do fruto de suas obras.”

                                                                      Revista Espírita do mês de fevereiro de 1864

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