Todos falam verdade do outro lado da vida?
Quantos parentes, amigos, colegas, ...desconhecidos, que escutamos...mentem, enganam ou dão a sua visão muito particular e distorcida sobre qualquer assunto? Quantos de nós não faltamos com a verdade...em tantos momentos da vida?
Um dia desencarnamos. Sim, todos nós um dia desencarnamos e será que a partir desse momento nos tornamos corretos, íntegros e verdadeiros?
Claro que não! Encarnados e desencarnados falam de acordo com o seu adiantamento intelectual e moral. Cabe a quem escuta usar da razão (adquirida pelo conhecimento, bom senso e manutenção de bons sentimentos) para separar o trigo do joio.
III – Os Falsos Profetas da Erraticidade
ERASTO
Discípulo de São Paulo, 1862
"Os falsos profetas não existem apenas entre os encarnados, mas
também, e muito mais numerosos, entre os Espíritos orgulhosos que, fingindo
amor e caridade, semeiam a desunião e retardam o trabalho de emancipação da
Humanidade, impingindo-lhe os seus sistemas absurdos, através dos médiuns que
os servem. Esses falsos profetas, para melhor fascinar os que desejam enganar,
e para dar maior importâncias às suas teorias, disfarçam-se inescrupulosamente
com nomes que os homens só pronunciam com respeito.
São eles que semeiam os germes das discórdias entre os grupos que os
levam isolar-se uns dos outros e a se
olharem com prevenções. Bastaria isso para os desmascarar. Porque, assim
agindo, eles mesmos oferecem o mais completo desmentido ao que dizem ser.
Cegos, portanto, são os homens que se deixam enganar de maneira tão grosseira.
Mas há ainda muitos outros meios de os reconhecer. Os Espíritos da ordem
a que eles dizem pertencer, devem ser não somente muito bons, mas também eminentemente
racionais. Pois bem: passai os seus sistemas pelo crivo da razão e do
bom-senso, e vereis o que restará. Então concordareis comigo em que, sempre que
um Espírito indicar, como remédio para os males da Humanidade, ou como meios de
realizar a sua transformação, medidas utópicas e impraticáveis, pueris e
ridículas, ou quando formula um sistema contraditado pelas mais corriqueiras
noções científicas, só pode ser um Espírito ignorante e mentiroso.
Por outro lado, lembrai-vos de que, se a verdade nem sempre é apreciada
pelos indivíduos, sempre o é pelo bom-senso das massas, e isso também constitui
um critério. Se dois princípios se contradizem, tereis a medida do valor
intrínseco de ambos, observando qual deles encontra mais repercussão e simpatia.
Com efeito, seria ilógico admitir que uma doutrina cujo número de adeptos
diminui, seja mais verdadeira que outra, cujo número aumenta. Deus, querendo
que a verdade chegue a todos, não a confina num círculo restrito, mas a faz
surgir em diferentes lugares, a fim de que, por toda parte, a luz se apresente
ao lado das trevas.
Repeli impiedosamente todos esses Espíritos que se manifestam como
conselheiros exclusivos, pregando a divisão e o isolamento. São quase sempre
Espíritos vaidosos e medíocres, que tentam impor-se a pessoas fracas e
crédulas, prodigalizando-lhes louvores exagerados, a fim de fasciná-las e
dominá-las. São geralmente, Espíritos sedentos de poder, que, tendo sido
déspotas no lar ou na vida pública, quando vivos, ainda querem vítimas para
tiranizar, depois da morte. Em geral, portanto, desconfiai das comunicações que
se caracterizam pelo misticismo e a extravagância, ou que prescrevem cerimônias
e práticas estranhas. Há sempre, nesses casos, um motivo legítimo de desconfiança.
Lembrai-vos, ainda, de que, quando uma verdade deve ser revelada à
Humanidade, ela é comunicada, por assim dizer, instantaneamente, a todos os
grupos sérios que possuem médiuns sérios, e não a este ou aquele, com exclusão
dos outros. Ninguém é médium perfeito, se estiver obsedado, e há obsessão
evidente quando um médium só recebe
comunicações de um determinado Espírito, por mais elevado que este pretenda
ser. Em conseqüência, todo médium e todo grupo que se julguem privilegiados, em
virtude de comunicações que só eles podem receber, e que, além disso, se
sujeitam a práticas supersticiosas, encontram-se indubitavelmente sob uma
obsessão bem caracterizada. Sobretudo quando o Espírito dominante se vangloria
de um nome que todos, Espíritos e encarnados, devemos honrar e respeitar, não
deixando que seja comprometido a todo instante.
É incontestável que, submetendo-se ao cadinho da
razão e da lógica toda a observação sobre os Espíritos e todas as suas
comunicações, será fácil rejeitar o absurdo e o erro. Um médium pode ser
fascinado e um grupo enganado; mas, o controle severo dos outros grupos, com o
auxílio do conhecimento adquirido, e a elevada autoridade moral dos dirigentes
de grupos, as comunicações dos principais médiuns, marcadas pelo cunho da
lógica e da autenticidade dos Espíritos mais sérios, rapidamente farão
desmascarar esses ditados mentirosos e astuciosos, procedentes de uma turba de
Espíritos mistificadores ou malfazejos. (Ver, na Introdução, o parágrafo II:
Controle universal do ensino dos Espíritos. E em O Livro dos Médiuns, o cap.
XXIII, Da obsessão)"
Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. XXI, item
10
"Espíritos Impostores
O FALSO PADRE AMBRÓSIO
Um dos escolhos que apresentam as comunicações
espíritas é o dos Espíritos impostores, que podem induzir em erro quanto à sua
identidade e que, escudados em um nome respeitável, tentam passar os mais
grosseiros absurdos. Em diversas ocasiões já nos pronunciamos sobre este
perigo, que deixa de existir para quem quer que investigue, simultânea e
rigorosamente, a forma e o fundo da linguagem dos seres invisíveis com os quais
nos comunicamos.
Não vamos repetir aqui o que a respeito já
dissemos; lede o assunto com atenção, nesta Revista, em O Livro dos Espíritos e
em nossa Instrução Prática, e vereis que nada é mais fácil do que se premunir
contra semelhantes fraudes, por menor que seja nossa boa vontade.
Reproduziremos somente a comparação que se segue,
que citamos em outra parte: “Suponde que, num quarto vizinho ao em que estais,
há várias pessoas que não conheceis, nem podeis ver, mas que ouvis
perfeitamente; por sua conversação não seria fácil reconhecer se são ignorantes
ou sábios, gente honesta ou malfeitores, homens sérios ou estouvados, enfim,
pessoas educadas ou grosseiras?
Tomemos outra comparação, sem sair de nossa
humanidade material: suponhamos que um homem se vos apresente sob o nome de um
distinto literato; diante de tal nome o recebeis, de início, com toda a consideração
devida ao seu suposto mérito; mas se ele se exprimir como um mariola,
reconhecereis logo o engano e o expulsareis, como se faz a um impostor.
O mesmo acontece com os Espíritos: são
reconhecidos por sua linguagem; a dos Espíritos superiores é sempre digna e em
harmonia com a sublimidade de seus pensamentos; jamais uma trivialidade lhes
macula a pureza. A grosseria e a baixeza das expressões não pertencem senão aos
Espíritos inferiores. Todas as qualidades e todas as imperfeições dos Espíritos
revelam-se por sua linguagem e se pode, com razão, aplicar-lhes o adágio de um
célebre escritor: O estilo é o homem.
Essas reflexões nos são sugeridas por um artigo
que encontramos no Spiritualiste de la Nouvelle-Orléans, do mês de dezembro de
1857. É uma conversa que se estabeleceu entre dois Espíritos, através da
mediunidade, em que um dizia-se o Padre Ambrósio e o outro se fazia passar por
Clemente XIV. O padre Ambrósio era um respeitável sacerdote, morto na Luisiana
no século passado; era um homem de bem e altamente inteligente, havendo deixado
uma memória venerada.
Nesse diálogo, onde o ridículo disputa com o
ignóbil, é impossível que nos equivoquemos quanto à qualidade dos
interlocutores, e é preciso convir que aqueles Espíritos tomaram bem poucas
precauções para se disfarçarem. Que homem de bom-senso, ainda que por um
instante, poderia supor que o Padre Ambrósio e Clemente XIV tivessem podido
descer a tamanhas trivialidades, que mais parece uma exibição circense?
Comediantes da mais baixa categoria, que parodiassem essas duas personagens,
não se teriam exprimido de modo diferente.
Estamos
persuadidos de que o círculo de Nova Orléans, onde se deu o fato, compreendeu
como nós; duvidar disso seria cometer injúria. Lamentamos somente que, ao
publicá-lo, não tenham feito seguir de algumas observações corretivas, que
teriam impedido as pessoas superficiais de o tomarem por amostra do estilo
sério de além-túmulo. Apressamo-nos, no entanto, a dizer que o círculo não tem
somente comunicações desse gênero: outras há, de caráter muito diverso, onde se
encontra toda a sublimidade do pensamento e da expressão dos Espíritos
superiores.
Pensamos
que a evocação do verdadeiro e do falso Padre Ambrósio poderia oferecer
material útil de observação sobre os Espíritos impostores; foi o que fizemos,
como se pode julgar pela entrevista seguinte:
1. Rogo a Deus Todo-Poderoso permitir ao Espírito
do verdadeiro Padre Ambrósio, falecido na Luisiana, no século passado, e que
deixou uma memória venerada, que se comunique conosco.
Resp. – Aqui estou.
2. Poderíeis dizer-nos se realmente fostes vós que
tivestes, com Clemente XIV, a conversa referida no Spiritualiste de la
Nouvelle-Orléans, cuja leitura fizemos em nossa sessão passada?
Resp. – Lamento os homens que foram enganados
pelos Espíritos, tanto quanto lamento estes.
3. Qual foi o Espírito que tomou vosso nome?
Resp. – Um charlatão.
4. E o interlocutor era realmente Clemente XIV?
Resp. – Era um Espírito simpático àquele, que
havia tomado meu nome.
5. Como pudestes permitir semelhante coisa em
vosso nome, e por que não desmascarastes os impostores?
Resp. – Porque nem sempre posso impedir os homens
e os Espíritos de se divertirem.
6. Concebemos isso quanto aos Espíritos;
entretanto, eram sérias as pessoas que recolheram aquelas palavras, e de modo
algum buscavam divertir-se.
Resp. – Uma razão de sobra: por isso mesmo deviam
pensar que tais palavras mais não seriam que a linguagem de Espíritos
zombeteiros.
7. Por que não ensinam os Espíritos, em Nova
Orléans, princípios idênticos aos que são ensinados aqui?
Resp. – A Doutrina que vos é ditada logo lhes
servirá; não haverá senão uma.
8. Considerando-se que essa Doutrina deve ser ali
ensinada mais tarde, parece-nos que, se o fosse imediatamente, aceleraria o
progresso e evitaria que a incerteza prejudicial tomasse conta de algumas
pessoas.
Resp. – Os desígnios de Deus são freqüentemente
impenetráveis; porventura não haverá outras coisas que vos parecem
incompreensíveis nos meios que Ele emprega para alcançar seus fins? É preciso
que o homem se habitue a distinguir o verdadeiro do falso, embora nem todos
possam subitamente receber a luz sem se ofuscarem.
9. Poderíeis, eu vos peço, dar-nos a vossa opinião
pessoal sobre a reencarnação?
Resp. – Os Espíritos são criados ignorantes e
imperfeitos; uma só encarnação não lhes bastaria para tudo aprenderem; é
necessário que reencarnem, a fim de aproveitarem a felicidade que Deus lhes
reserva.
10. A reencarnação pode ocorrer na Terra, ou
somente em outros globos?
Resp. – A reencarnação se dá conforme o progresso
do Espírito, em mundos mais ou menos perfeitos.
11. Isso não esclarece se a reencarnação pode
ocorrer na Terra.
Resp. – Sim, pode ocorrer; e se o Espírito a
solicitasse como missão, isso seria mais meritório para ele e o faria avançar
mais, do que se pedisse para renascer em mundos mais perfeitos.
12. Rogamos a Deus Todo-Poderoso permitir ao
Espírito que tomou o nome do Padre Ambrósio, que se comunique connosco.
Resp. – Eis-me aqui; mas não queirais me
confundir.
13. És verdadeiramente o Padre Ambrósio? Em nome
de Deus, intimo-te a dizer a verdade.
Resp. – Não.
14. Que pensas do que disseste em seu nome?
Resp. – Penso como pensavam os que me ouviam.
15. Por que te serviste de um nome respeitável
para dizer semelhantes tolices?
Resp. – Aos nossos olhos, os nomes nada valem: as
obras são tudo; como podiam ver o que eu era pelo que dizia, não liguei maior
importância ao empréstimo desse nome.
16. Por que não sustentas a tua impostura em nossa
presença?
Resp. – Porque minha linguagem é uma pedra de
toque com a qual não vos podeis enganar.
Observação – Disseram-nos muitas vezes que a
impostura de certos Espíritos é uma prova à nossa capacidade de julgar; é uma
espécie de tentação permitida por Deus a fim de que, como disse o Padre
Ambrósio, o homem possa habituar-se a distinguir o verdadeiro do falso.
17. Que pensas de teu camarada Clemente XIV?
Resp. – Não vale mais do que eu; ambos
necessitamos de indulgência.
18. Em nome de Deus Todo-Poderoso, rogo-te que
venhas.
Resp. – Estou aqui desde que o falso Padre
Ambrósio chegou entre vós.
19. Por que abusaste da credulidade de pessoas
respeitáveis, para dar uma falsa idéia da Doutrina Espírita?
Resp. – Por que nos inclinamos ao erro? É porque
não somos perfeitos.
20. Não pensastes, ambos, que um dia vosso embuste
seria descoberto, e que os verdadeiros Padre Ambrósio e Clemente XIV não se
exprimiriam como o fizestes?
Resp. – Os embustes já eram conhecidos e
castigados por Aquele que nos criou.
21. Pertenceis à mesma classe dos Espíritos a que
chamamos batedores?
Resp. – Não, porque ainda é preciso raciocínio
para fazer o que fizemos em Nova Orléans.
22. (Ao verdadeiro Padre Ambrósio). Esses
Espíritos impostores vos estão vendo aqui?
Resp. – Sim, e sofrem com o meu olhar.
23. São errantes ou reencarnados esses Espíritos?
Resp. – Errantes; não seriam suficientemente
perfeito para se desprenderem, caso estivessem encarnados.
24. E vós, Padre Ambrósio, em que situação vos
encontrais?
Resp. – Encarnado num mundo feliz e desconhecido
de vós.
25. Nós vos agradecemos pelos esclarecimentos que
tivestes a bondade de dar-nos; seríeis por demais benévolo para virdes outra
vez entre nós, dizer-nos palavras de bondade e ditar-nos uma mensagem, capaz de
mostrar a diferença entre o vosso e o estilo daquele que vos usurpou o nome?
Resp. – Estou com aqueles que querem o bem na
verdade."
Allan Kardec,
Revista
Espírita de Julho de 1858
"São João nos põe em guarda contra eles, quando adverte: “Meus bem
amados, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de
Deus; porque muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. O Espiritismo
nos oferece os meios de experimentá-los, ao indicar as características pelas
quais se reconhecem os bons Espíritos, características sempre morais e jamais
materiais. (Ver o Livro dos Médiuns, Caps. 24 e segs.). É sobretudo ao
discernimento dos bons e dos maus Espíritos, que podemos aplicar as palavras de
Jesus: “Reconhece-se à árvore pelos seus frutos; uma boa árvore não pode dar
maus frutos, e uma árvore má, não pode dar bons frutos”. Julgam-se os Espíritos
pela qualidade de suas obras, como a árvore pela qualidade de seus
frutos."
Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. XXI, item 7
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