Ainda sobre As Três Revelações...

"DEUS SE REVELA AOS HOMENS?

O PRIMEIRO DIA

Como é do nosso conhecimento, o Dr. Arnaldo Vasconcelos era um excelente médico espírita, generoso e amigo do próximo. Chefe de família exemplar.

(…) ele possuía uma fazendola nos arredores de bela cidade de veraneio do estado do Rio de Janeiro e tinha também três netos que lhe eram muito queridos ao coração: Carlos, Eneida e Elisinha.

Passaram-se alguns poucos anos, porém, desde a última vez que os vimos. Agora vamos encontrar Carlos já com 16 anos de idade, Eneida com 14 e Elisinha, 12.

Mas nem só eles haviam crescido. Seus amigos Dirceu e Ronaldo também haviam crescido e então eram adolescentes entusiasmados pela vida, assim como os demais amigos residentes na bela cidade fluminense: Leila Barbosa, a prima Lilásea, Manoelzinho, as “sete Marias” e os demais, já conhecidos nossos em anteriores narrativas.

Todos eles haviam iniciado o aprendizado evangélico-espírita na primeira infância e agora, já mocinhos, adolescentes, entravam em nova fase da vida e desejavam prosseguir naquele belo curso das coisas de Deus, assim se preparando para um futuro honesto, equilibrado e feliz na sociedade a que pertenciam.

Naquele ano, um tanto fatigado pelo esforço dos estudos, na capital, resolveram passar as férias, mais uma vez, na Granja Feliz, a fazendola do avô, o Dr. Arnaldo Vasconcelos. Seguiram, pois, os três para lá, acompanhados de sua tia Isabela, a quem muito queriam, levando consigo também os inseparáveis amigos Dirceu e Ronaldo. Foram todos muito bem recebidos pelos avós e os antigos companheiros de infância, agora jovenzinhos e, como eles, ansiosos por aprenderem tudo que fosse útil e necessário às suas vidas, inclusive o sublime aprendizado do Evangelho e da Doutrina dos Espíritos, mais que indispensáveis àquele que desejar desfrutar a paz nas agitações da vida.

Haviam chegado num sábado, à tarde.

No domingo, pela manhã, o avô convidou-os a um passeio pelo campo do qual participariam todos os antigos companheiros.

Eram oito horas da manhã.

O céu mostrava-se azul e límpido, o Sol brilhava prometendo um dia pleno de esplendores e uma aragem fresca soprava do oceano fazendo balançar a folhagem dos arvoredos.

Depois de caminharem cerca de 15 minutos, admirando a paisagem, sentaram-se todos sobre a relva, à sombra das árvores que orlavam a estrada, dispostos a conversar. Os pássaros cantavam escondidos entre a folhagem, parecendo se alegrarem com a presença e o vozerio dos visitantes. Era, com efeito, um belo cenário para uma conversação sadia e nobre como as que o Dr. Arnaldo gostava de entreter com os netos.

De repente ele disse:

— Meus caros amiguinhos, vocês acham que Deus, o Criador de todas as coisas, pode revelar-se aos homens?

— Pode, sim, senhor! — responderam a uma só voz os interpelados.

— Como é que Deus pode fazer isso? — tornou a interrogar o Dr. Arnaldo.

Foi Eneida que respondeu, cheia de animação:

— Desde minha infância, tia Isabela conversa comigo sobre esse assunto. Então fiquei sabendo que Deus se revela às suas criaturas através das obras da natureza e das leis que a dirigem: os astros e constelações, com o mecanismo que os mantém equilibrados nos espaços siderais; os vegetais, com o poder oculto que os faz brotar do seio da terra, crescer, florescer e frutescer; os minerais, com a força criadora que os leva a produzir as espécies de minérios de valor incalculável nas profundezas das jazidas subterrâneas; os animais, com a divina ciência que os permite viver inteligentemente reunidos em famílias tão bem organizadas; nós mesmos, com a nossa inteligência e os nossos poderes intelectuais, morais e espirituais, tudo isso e infinitas coisas mais é Deus se revelando, demonstrando suas leis a quem quiser conhecê-las e compreendê-las...

— Muito bem, Eneida! É isso mesmo! Vejo que você tem compreendido os ensinamentos que lhe foram ministrados em nossas aulas. Mas não é somente assim que Deus se revela. Ele se revela também por intermédio dos seus mensageiros.— Então, explique isso, vovô! — pediu Eneida.

E seu avô explicou, tal como se fizesse uma pequena palestra para aqueles gentis ouvintes.

— A primeira vez que Deus revelou a sua Lei aos homens foi por meio dos Dez Mandamentos, e teve por intermediário o grande profeta hebreu Moisés. Os mandamentos, ou ensinamentos, da Lei de Deus são dez e representam a lei imortal e invariável que dirige a humanidade.

“A Segunda Revelação da Lei de Deus teve como intermediário Jesus, também chamado o Cristo de Deus. A Doutrina ensinada por Jesus igualmente é um código de leis morais, continuação da Primeira Revelação.

“A Terceira Revelação da Lei de Deus está contida nos ensinamentos da Doutrina dos Espíritos, ou seja, a Doutrina ensinada pelos Espíritos celestes, mensageiros de Deus e de Jesus.

“A Doutrina dos Espíritos é também chamada Espiritismo. Ela ensina outras leis, as quais confirmam as duas revelações anteriores e nos faz recordar os ensinamentos que Jesus deu aos homens quando viveu sobre a Terra. Podemos denominá-la ainda como Terceira Revelação de Deus aos homens ou o Consolador.

“As Leis de Deus mostram-nos os caminhos do bem e do dever.

Quando nos desviamos desse caminho, estamos praticando o mal, erramos contra a Lei de Deus e, portanto, contra nós mesmos. Então sofremos, mais tarde, as consequências do mal que praticamos, seja na presente existência, seja na vida espiritual ou em novas existências futuras.

“Aquele que pratica o mal logicamente sofrerá mais tarde, porque o mal está fora da Lei de Deus.”

— Dr. Arnaldo, o senhor pode explicar como foi que Deus nos fez conhecer os seus mandamentos? Eu ouço falar nos Dez Mandamentos da Lei de Deus, mas não faço ideia muito justa de como eles chegaram ao nosso conhecimento — pediu a jovem Leila Barbosa.

— Pois vocês compreenderão amanhã, durante o nosso passeio matinal. Agora devemos regressar a casa para não nos fazermos esperar para o almoço — respondeu o bom amigo Arnaldo Vasconcelos."

"São chegados os tempos em que se hão de desenvolver as ideias, para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus. (KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. 1, it. 9: Um Espírito israelita)"

Livro "As Três Revelações", Cap. I, de Yvonne Pereira Do Amaral

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