Perdão e Aceitação, caminho para a nossa Evolução interior (4 de outubro)
“Se
perdoardes aos homens as faltas que eles fazem contra vós, vosso Pai celestial
vos perdoará também vossos pecados, mas se não perdoardes aos homens quando
eles vos ofendem, vosso Pai, também, não vos perdoará os pecados.”
(Capítulo
10, item 2)
O nosso conceito de perdão tanto pode
facilitar quanto limitar nossa capacidade de perdoar.
Por possuirmos crenças negativas de que perdoar
é ―ser apático com os erros alheios, ou mesmo, é aceitar de forma passiva tudo
o que os outros nos fazem, é que supomos estar perdoando quando aceitamos
agressões, abusos, manipulações e desrespeito aos nossos direitos e limites
pessoais, como se nada tivesse acontecendo.
Perdoar não é apoiar comportamentos que nos
tragam dores físicas ou morais, não é fingir que tudo corre muito bem quando
sabemos que tudo em nossa volta está em ruínas. Perdoar não é ―ser conivente
com as condutas inadequadas de parentes e amigos, mas ter compaixão, ou seja,
entendimento maior através do amor incondicional. Portanto, é um modo de viver
O ser humano, muitas vezes, confunde o ―ato de
perdoar com a negação dos próprios sentimentos, emoções e anseios, reprimindo
mágoas e usando supostamente o ―perdão como desculpa para fugir da realidade
que, se assumida, poderia como consequência alterar toda uma vida de
relacionamento.
Uma das ferramentas básicas para alcançarmos o
perdão real é manter-nos a uma certa ―distância psíquica da pessoa-problema, ou
das discussões, bem como dos diálogos mentais que giram de modo constante no
nosso psiquismo, porque estamos engajados emocionalmente nesses envolvimentos
neuróticos.
Ao
desprendermo-nos mentalmente, passamos a usar de modo construtivo os poderes do
nosso pensamento, evitando os ―deveria ter falado ou agido e eliminando de
nossa produção imaginativa os acontecimentos infelizes e destrutivos que
ocorreram connosco.
Em
muitas ocasiões, elaboramos interpretações exageradas de suscetibilidade e
caímos em impulsos estranhos e desequilibrados, que causam em nossa energia
mental uma sobrecarga, fazendo com que o cansaço tome conta do cérebro. A
exaustão íntima é profunda.
A
mente recheada de ideias desconexas dificulta o perdão, e somente desligando-nos
da agressão ou do desrespeito ocorrido é que o pensamento sintoniza com as
faixas da clareza e da nitidez, no processo denominado ―renovação da atmosfera
mental.
É
fator imprescindível, ao ―separar-nos emocionalmente de acontecimentos e de criaturas
em desequilíbrio, a terapia da prece, como forma de resgatar a harmonização de
nosso ―halo mental. Método sempre eficaz, restauramos os sentimentos de paz e
serenidade, propiciando-nos maior facilidade de harmonização interior.
A
qualidade do pensamento determina a ―ideação construtiva ou negativa, isto é,
somos arquitetos de verdadeiros ―quadros mentais que circulam sistematicamente
em nossa própria órbita áurica. Por nossa capacidade de ―gerar imagens ser
fenomenal, é que essas mesmas criações nos fazem ficar presos em ―mono-ideias.
Desejaríamos tanto esquecer, mas somos forçados a lembrar, repetidas vezes,
pelo fenômeno ―produção-consequência.
Desligar-se
ou desconectar-se não é um processo que nos torna insensíveis e frios, como
criaturas totalmente impermeáveis às ofensas e críticas e que vivem sempre numa
atmosfera do tipo ―ninguém mais vai me atingir ou machucar. Desligar-se quer
dizer deixar de alimentar-se das emoções alheias, desvinculando-se mentalmente
dessas relações doentias de hipnoses magnéticas, de alucinações íntimas, de
represálias, de desforras de qualquer matiz ou de problemas que não podemos
solucionar no momento.
Ao
soltar-nos vibracionalmente desses contextos complexos, ao desatar-nos desses
fluidos que nos amarram a essas crises e conflitos existenciais, poderemos ter
a grande chance de enxergar novas formas de resolver dificuldades com uma visão
mais generalizada das coisas e de encontrar, cada vez mais, instrumentos
adequados para desenvolvermos a nobre tarefa de nos compreender e de
compreender os outros.
Quando
acreditamos que cada ser humano é capaz de resolver seus dramas e é responsável
pelos seus feitos na vida, aceitamos fazer esse ―distanciamento mais
facilmente, permitindo que ele seja e se comporte como queira, dando-nos também
essa mesma liberdade.
Viver
impondo certa ―distância psicológica às pessoas e às coisas problemáticas, seja
entes queridos difíceis, seja companheiros complicados, não significa que
deixaremos de nos importar com eles, ou de amá-los ou de perdoar-lhes, mas sim
que viveremos sem enlouquecer pela ânsia de tudo compreender, padecer, suportar
e admitir.
Além
do que, desligamento nos motiva ao perdão com maior facilidade, pelo grau de
libertação mental, que nos induz a viver sintonizados em nossa própria vida e
na plena afirmação positiva de que ―tudo deverá tomar o curso certo, se minha
mente estiver em serenidade‖.
Compreendendo
por fim que, ao promovermos ―desconexão psicológica, teremos sempre mais
habilidade e disponibilidade para perceber o processo que há por trás dos
comportamentos agressivos, o que nos permitirá não reagir da maneira como o
fazíamos, mas olhar ―como é e como está sendo feito nosso modo de nos
relacionar com os outros. Isso nos leva, consequentemente, a começar a entender
a ―dinâmica do perdão.
Uma
das mais eficientes técnicas de perdoar é retomar o vital contato com nós
mesmos, desligando-nos de toda e qualquer ―intrusão mental, para logo em
seguida buscar uma real empatia com as pessoas. Deixamos de ser vítimas de
forças fora de nosso controle para transformar-nos em pessoas que criam sua
própria realidade de vida, baseadas não nas críticas e ofensas do mundo, mas na
sua perceção da verdade e na vontade própria.”
“Aprendendo a perdoar”,
Capítulo 10, item 2 do Livro Renovando Atitudes de Francisco Do Espírito Santo Ditado
por Hammed
“A misericórdia é o complemento da mansuetude, pois os que não
são misericordiosos também não são mansos e pacíficos. Ela consiste no
esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam uma alma sem
elevação e sem grandeza.
O esquecimento das ofensas é próprio das almas elevadas, que
pairam acima do mal que lhes quiseram fazer. Uma está sempre inquieta, é de uma
sensibilidade sombria e amargurada. A outra é calma, cheia de mansuetude e
caridade.
Infeliz daquele que
diz: Eu jamais perdoarei! Porque, se não for condenado pelos homens, o será
certamente por Deus. Com que direito pedirá perdão de suas próprias faltas, se
ele mesmo não perdoa aos outros?
Jesus nos ensina que a
misericórdia não deve ter limites, quando diz que se deve perdoar ao irmão, não
sete vezes, mas setenta vezes sete.
Mas há duas maneiras
bem diferentes de perdoar. Uma é grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem
segunda intenção, tratando com delicadeza o amor próprio e a suscetibilidade do
adversário, mesmo quando a culpa foi inteiramente dele. A outra é quando o
ofendido, ou aquele que assim se julga, impõe condições humilhantes ao
adversário, fazendo-o sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar.
Se estende a mão, não é por benevolência, mas por ostentação, a fim de poder
dizer a todos: Vede quanto sou generoso!
Nessas circunstâncias,
é impossível que a reconciliação seja sincera, de uma e de outra parte. Não,
isso não é generosidade, mas apenas uma maneira de satisfazer o orgulho. Em
todas as contendas, aquele que se mostra mais conciliador, que revela mais
desinteresse próprio, mais caridade e verdadeira grandeza de alma, conquistará
sempre a simpatia das pessoas imparciais.”
Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. X, item 4
Comentários
Enviar um comentário