O culto dos mortos à luz do espiritismo (30 de outubro)

A história mostra-nos que desde quando desenvolvemos os primórdios da nossa consciência, ainda como primitivos homens em cavernas, passámos a temer, respeitar e honrar os nossos mortos.
Desde o sec.I os cristãos rezavam pelos finados, visitando as catacumbas e mausoléus. Mas foi no sec.XIII, que foi decretado o dia 2 de novembro como "o dia de finados", porque dia 1 era "dia de todos os santos". A intenção da data era lembrar todos os que morreram e não eram lembrados na oração de ninguém.

Ao longo da história o homem foi-se deixando tomar por um medo aterrador da morte, esquecendo-se que esta é o reverso da medalha da vida. Para que haja vida é necessário que haja morte, a semente morre para que nasça a planta.

Se por um lado temos evoluído bastante o nosso intelecto, por outro fomos criando amarras, terríveis bloqueios gerados pelo medo e pela falta de aceitação. Contudo, é chegado o momento de fazer uso dessa razão mais poderosa e esclarecida  na procura das respostas para as nossas questões sobre a vida, mas também sobre a morte. 

Educar-mo-nos para a morte, é um trabalho necessário a todos, já que é a única certeza que possuímos após o momento do nosso nascimento.
Devemos respeitar a morte, respeitando a vida, cuidando do nosso corpo físico para que dure tanto quanto nos seja necessário e cuidando do nosso corpo espiritual compreendendo que todos somos espíritos imortais e que a cada passagem pela Terra devemos tornar-nos mais ricos em aprendizagens e mais moralizados. O conhecimento ocupa o lugar do medo, deixando-nos mais fortes e preparados para a vida e para a morte.

Disse Victor Hugo: "morrer não é morrer, mas apenas mudar-se"

A Doutrina Espírita veio matar a morte, pois, o espírito não morre, muda do plano material para o plano espiritual, apenas o que morre/desaparece é o nosso corpo físico.

Os nossos entes queridos não jazem em sepulturas, eles vibram nos nossos pensamentos, movem-se no mundo espiritual.
O nosso corpo físico é semelhante a uma gaiola que nos prende possibilitando as nossas experiências na carne, mas que a dada altura, fica vazia, quando o pássaro se vai embora.

Para com os nossos entes queridos que já se encontram na Pátria Espíritual no ESE, cap.XIII-item 7 podemos encontrar:

"E Jesus disse a um outro: "Segue-me." E ele respondeu: "Senhor, permite que eu vé primeiro enterrar meu pai." E Jesus lhe respondeu:"Deixa aos mortos o cuidado de enerrar os seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o reino de Deus." (Lucas, IX:59 e 60)

Do ensinamento de Jesus podemos compreender que o respeito pelos mortos não pode ficar circunscrito à matéria, a verdadeira vida é a vida do espírito livre do corpo físico.
O respeito pelos mortos é feito pela lembrança do espírito ausente, se os queremos homenagear, façamos a nossa auto-analise afim de verificar se procedemos de acordo com aquilo que aprendemos com eles. Nada alegrará mais um avô, um pai, uma mãe, um amigo, do que ver aquele que fica recordar e seguir os seus concelhos.

Vida e Morte

Não procures no túmulo vazio,
a alma querida que deixou a Terra.
A morte encerra a vida e a vida encerra 
a morte - como eterno desafio.

Ninguém fica no túmulo sombrio
onde somente o corpo é que se enterra.
A alma se eleva acima da vida e erra
em mares de bonança e de amavio.

Busca no céu, nos ares, no infinito,
                                                    na quinta dimensão no firmamento,
                                                       o ser querido que te deixa aflito.

                                                Hás-de encontrá-lo quando, num momento, 
                                                     rompendo as ilusões do teu conflito,
                                                       possas falar-lhe pelo pensamento.
                                                                                 José Herculano Pires

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