Caminhos do Envelhecer e do Morrer...(24 de maio)

"A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor os seus irmãos em sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina, — amor — fez estremecerem os povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.
O Espiritismo, por sua vez, vem pronunciar a segunda palavra do alfabeto divino. Ficai atentos, porque essa palavra levanta a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, vencendo a morte, revela ao homem deslumbrado o seu patrimônio intelectual. Mas já não é mais aos suplícios que ela conduz, e sim à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito, e o Espírito deve agora resgatar o homem da matéria."
E.S.E. Cap. XI, item 8 - Lei de Amor

"Mas hoje, a ciência de tal forma se tornou elástica que matou muitos mitos, o mito da velhice.
Acreditava-se que uma pessoa de 40 anos era praticamente inválida. Em nosso país ela não é inválida, mas está quase inválida. Vemos uma pessoa de 40 anos e dizemos:“Meu Deus, já tem 40 anos!”
E nós os que temos alguns meses mais de 40 anos, vingamo-nos dizendo:
“Eu já cheguei até aqui, agora você eu não sei.”
(É uma praga) Estamos desejando que a pessoa morra de acidente ou de uma outra coisa qualquer. É a vingança do adulto que tem inveja do jovem. Somente envelhece quem quer. E somente é velho, quem velho se considera. A nossa atividade mental mantém a nossa juventude. É quando dizemos:
“Eu já não tenho mais a mesma facilidade para memorizar. Estou perdendo a memória”.
Pois procure-a, ela está lá no arquivo, é somente buscá-la, não espere que ela chame por você. As pessoas mentalmente ativas, mantém a memória muito lúcida. Eu a tenho hoje, melhor do que quando contava 20 anos. Simplesmente, porque me recusei a ser velho, aceitei a beleza do envelhecimento. Porque cada idade tem seu contributo, tem a sua maravilha, tem as suas conquistas. E não pode haver nada mais fascinante, do que cada momento do vir a ser.
A verdadeira psicologia não é apenas aquela do que fomos, do que fizemos, do onde estávamos. Mas é essa proposta das nossas possibilidades inatas, desse imenso oceano a descobrir, a conquistar, dessas terras do sem fim, por onde nós iremos caminhar. Na medida em que nós nos esforçarmos, a memória atende exceto, diante das psicopatologias ou de outros processos degenerativos que fazem parte da nossa máquina. Este é o século das pessoas macróbias.
Eu me recordo, por exemplo, de Charles De Gaulle e Golda Meyer, e de quantos homens e mulheres notáveis, que ao ultrapassar os 80 anos, risonhos e joviais. Aí está Chico Xavier, com aproximadamente 88 anos, e sempre dizendo:
“A máquina está gasta, mas eu estou muito bem comandando a máquina.”
E vemos no entanto, máquinas jovens, novas, tão mal direcionadas e tão gastas. Porque os comandos perderam a linha do equilíbrio.
Uma das condições para a saúde mental, é o exercício dos neuro-peptídios, da máquina de natureza psíquica. Não dar trégua a máquina cuja a função é atender as exigências do "Eu" superior, também chamado "Self", também chamado "espírito", também com outras designações conforme e corrente filosófica, cultural ou religiosa que cada um professe. Mas se estabeleceu que esse serprofundo, esse ser transpessoal que independe do cérebro, é o comandante da máquina. E ela atende-o, conforme o direcionamento que ele dê, tendo-lhe as rédeas na mão.
Afirmávamos que somente é velho quem quer.
Conheço pessoas, que a partir dos 40 anos, aos 45, principalmente quando se aposentam, que assinam o próprio atestado de decadência. A palavra aposentado passou a ser o carimbo da senectude.
“Ele é aposentado, é inútil, é a cadeira velha que rasgou a palhinha e se coloca no canto e não deixa ninguém sentar, porque está furada.”
Aí sim é uma coisa velha. Mas a pessoa aposenta-se para começar a trabalhar. Na Índia nós vamos encontrar no Bagadar Vita, e particularmente no Vedanta uma proposta comportamental. O indivíduo até os 18 anos, “pertence” aos seus pais, dos 18 aos 50, “pertence” a família, a partir dos 50, “pertence” a si mesmo, para entregar-se a vida espiritual, ele é totalmente livre. É o momento da sua maturidade, das suas experiências. Mas, nós somos escravos de convenções, de imposições injustificáveis, de tabus e de superstições. Em nosso país, uma pessoa aposentada, assinalada por esse timbre de decadência orgânica e mental, é um indivíduo que se nega a viver. E não pode haver um espetáculo mais hediondo, do que as pessoas com mais de 40 anos, principalmente os homens, de boné, numa praça pública, jogando dama ou gamão e falando dos seus maravilhosos, detestáveis tempos do passado. Porque nada é mais detestável do que o “meu tempo”. “Ah! Antigamente.” Era horrível. Nada pior do que as viagens de antigamente. A pessoa de guarda pó branco para entupir-se de areia e de pó de todas as cores. Nada mais maravilhoso hoje, do que uma pista de asfalto ou o suave deslizar de um avião. Sou pioneiro na aviação. Viajei nos primeiros que chegaram ao Brasil na década de 40. E posso avaliar hoje, um boeing atravessando o oceano e indo pousar suavemente, em outro continente, na Europa ou na Ásia. A pessoa sair tão confortavelmente quanto entrou, sem dar-se conta da viagem que fez. Então nós devemos negar-nos, para uma boa saúde psicológica, a esse timbre de ser aposentado. Apresentaria uma sugestão às esposas: ponham para fora de casa os maridos aposentados. Não pode haver nada pior do que um homem aposentado dentro de casa. A mulher liga a luz, ele apaga. Ela abre o bico de gás, ele apaga, para fazer economia. Não admitam, ponham-no para trabalhar no Lar Fabiano de Cristo, que aceita esses mamutes para reatualizá-los. E também a mulher, no período mais belo da sua vida, quando ela desabrocha. Não pode haver nada mais belo e pleno do que a mulher de 40 anos, 50 e 70 também. Que é a plenitude. A mulher de Balzac já está totalmente ultrapassada. (30 anos seria Balzaquiana.) Saúde é um estado de espírito e o espírito jovial é sempre saudável. Jung dividiu a humanidade em dois biótipos: o introvertido, que é sempre um candidato a doenças e o extrovertido, que é um indivíduo saudável, é aquele que facilmente faz a catarse, que exterioriza conflitos, que se libera de todo esse tormento. William James também dividiu as criaturas em dois grupos: os indivíduos fortes e os indivíduos fracos. Os indivíduos fortes são aqueles que se aceitam como são e se ama exatamente porque assim o é! O indivíduo fraco é aquele mesquinho, calceta, reclamador, descontente, sempre ambiciona aquilo que jamais terá. Tem por meta algo que nunca conseguirá, porque ele e atormentado psicologicamente. Será possível manter saúde desde que saibamos manter o estado de espírito."
"Cura e Autocura" - Palestra dada por Divaldo Pereira Franco em Setembro de 1998 – Teatro Vannucci

“O espírito não envelhece, torna-se experiente. A velhice do espírito é a experiência que ele vem acumulando durante os milênios." (Eliseu Rigonatti, O espiritismo aplicado, 39)






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