A vida não Vivida

"O homem pode abrandar ou aumentar
o amargor das suas provas, pela maneira de encarar a vida terrena. Maior é o seu
sofrimento, quando o considera mais longo. Ora, aquele que se coloca no ponto
de vista da vida espiritual, abrange na sua visão a vida corpórea, como um
ponto no infinito, compreendendo a sua brevidade, sabendo que esse momento
penoso passa bem depressa. A certeza de um futuro próximo e mais feliz o
sustenta encoraja, e em vez de lamentar-se, ele agradece ao céu as dores que o
fazem avançar. Para aquele que, ao contrário, só vê a vida corpórea, esta
parece interminável, e a dor pesa sobre ele com todo o seu peso. O resultado da
maneira espiritual de encarar a vida é a diminuição de importância das coisas
mundanas, a moderação dos desejos humanos, fazendo o homem contentar-se com a
sua posição, sem invejar a dos outros, e sentir menos os seus revezes e
decepções. Ele adquire, assim, uma calma e uma resignação tão úteis à saúde do
corpo como à da alma, enquanto com a inveja, o ciúme e a ambição, entregam-se
voluntariamente à tortura, aumentando as misérias e as angústias de sua curta
existência."(E. S. E. Cap. V, item 13, motivos de resignação)

"Liberdade das escolhas"
   "É muito importante pensar na nossa
capacidade de escolher.
   Em cada momento da nossa vida, em cada gesto
de nossa vida, a escolha é nossa. Indubitavelmente, a escolha é nossa.
   Cada vez que quisermos avaliar o porquê as
coisas estão indo bem, ou não estão indo bem, verifiquemos o tipo de escolhas
que vimos fazendo.
   A partir disso, começamos a sentir que todos
os nossos movimentos são ditados por nossa livre vontade. Fazemos escolhas para
nossa felicidade, fazemos escolhas para nossa infelicidade.
   Cada vez que escolhemos o cônjuge, o
parceiro, o namorado, a namorada, precisamos ter em mente que estamos buscando
alguém que se afine conosco, que esteja junto a nós, com quem possamos
compartilhar a vida E essa escolha precisa ser bem feita.
   Não podemos escolher de escantilhão uma
pessoa que se viu uma primeira vez e supor que tenha surgido um amor à primeira
vista, que dispense esse conhecimento gradual, ponderado, que precisamos ter um
do outro.
   Com tudo isso verificamos que, ao cabo e ao
fim, não conhecemos bem as pessoas.
  É muito complicada essa questão da escolha,
mas temos que escolher, é opção nossa. Quando pensamos no alimento que
desejamos para cada dia, que tipo de refeição queremos fazer, a escolha é
nossa.
   Se escolhemos alimentos de graxa, alimentos
condimentados, alimentos leves, vegetarianos, escolha nossa.
   A nossa condição orgânica a partir daí
estará definida em função daquilo que escolhemos para nossa alimentação.
   A forma como desejamos educar os próprios
filhos. Como é que nós vamos conduzir a nossa prole?
   Vamos educá-la numa religião, em que
religião? Vamos trabalhar com ela o pensamento político da família, vamos
ensinar aos nossos filhos a ver o mundo, a compreender as pessoas, a ter a
mansuetude das pombas e a prudência das serpentes? Como é que, afinal, queremos
educar os nossos filhos?
   Vamos educá-los para que eles sejam os
melhores da rua, do prédio, da escola, do bairro, ou para que eles sejam
melhores do que eles mesmos a cada dia?
   Nós é que fazemos escolhas e, a partir
disso, a vida fica nas nossas mãos. É certo que há coisas que, mesmo tendo
feito escolhas, a decisão final não é nossa. Às vezes, queremos determinada
coisa mas, estamos submetidos à vontade de outros indivíduos.
   Assim se passa na política, por exemplo.
Queremos que a nossa cidade seja pacífica, seja ordeira, seja limpa, mas há
coisas que independem de nós.
   Há indivíduos que foram preparados, eleitos,
escolhidos para atender a essas questões, então, foge à nossa alçada.
   Mas mesmo assim, na condição de cidadãos,
poderemos pressionar, fazer movimentos, nos dirigir às autoridades, nos dirigir
aos periódicos - escolha nossa - ou podemos ficar devidamente acomodados
esperando que alguém resolva por nós as questões.
   É muitíssimo importante que tenhamos essa
visão de que a nossa vida está amarrada às escolhas que fazemos. E fazer
escolhas é alguma coisa que não é tão simples.
   Se não aprendermos que a vida que levaremos
estará em função das escolhas que façamos, não conseguiremos chegar a bom
termo.
   Começaremos a culpar os outros pelas
escolhas que são nossas. Começaremos a dizer que a culpa é do tempo, é dos
santos, é de Deus, é da política quando, em verdade, na maior parte das vezes,
o problema está amarrado às escolhas que fazemos.
   Vale a pena pensar que as escolhas estão
atreladas ao que chamamos de livre-arbítrio.
   O livre-arbítrio é essa condição que todos
nós temos de pensar o que queremos para a nossa vida, de pensar como queremos
as coisas para a nossa vida, e passarmos a implementar porque, graças a essas
escolhas que fazemos, a vida nos responderá positiva ou negativamente.
   Foi Jesus Cristo que estabeleceu que a
sementeira nossa é totalmente livre, nada obstante a colheita nos será
obrigatória.
   Essa questão da escolha é de fato
fundamental, porque nós escolhemos tudo: a roupa que vamos pôr, os calçados, a
estrada por onde vamos, onde queremos ir almoçar naquele dia, ou jantar, nós
escolhemos tudo.
   Mas, é importantíssima esta percepção de que
a nossa escolha não deve ser uma escolha de qualquer jeito. Precisa ser uma
escolha responsável. Enquanto não soubermos fazer escolhas responsáveis, a
nossa vida com toda liberdade, será quase sempre um caos.
   O notável filósofo francês Jean-Paul Sartre
chegou asseverar que estamos escravizados a nossa liberdade.
   É graças a essa liberdade que definimos as
coisas de nossa vida. E por causa dessa liberdade é que vemos pessoas como
Adolf Hitler, que se decidiu por fazer o que fez, usando da sua liberdade.
   Ao mesmo tempo descobrimos homens como
Gandhi, que podia ter se tornado um advogado bem sucedido na Inglaterra onde se
formou, na África do Sul onde foi trabalhar. Mas, ao ver a condição dos negros
do seu povo, o domínio da Inglaterra sobre a Índia e tudo mais, ele optou por
abrir mão daquele estilo de vida que levava na África do Sul, para ir lutar
junto aos seus irmãos.
   Naturalmente nós pensamos que foi uma
escolha sua. Ele optou. Ao invés de ganhar só para si, ele foi trabalhar junto
aos seus irmãos, ao seu povo, à sua etnia.
   Encontramos escolhas como a de Madre Teresa
de Calcutá. Madre Teresa era professora de alunas de classe média alta, e
poderia ter sido homenageada sempre, paparicada por suas alunas, como era,
amada por suas alunas, muito querida no trabalho que realizava. Contudo, depois
de ter feito a célebre viagem de férias a Calcutá para conhecer o que se
passava na cidade, e tendo visto o que viu, Madre Teresa não se conformou, fez
a sua escolha, usou de sua liberdade, escreveu ao Papa, porque ela queria
deixar de ser professora da escola cristã, mas queria continuar a trabalhar
pelo Cristo numa outra frente.
   Fez a opção, foi para Calcutá. E a história
de Madre Teresa o mundo inteiro conheceu: uma história de liberdade, uma
história de opção, uma história de livre-arbítrio.
 Se pensarmos nos territórios do
Espiritualismo, encontraremos no Espiritismo a figura de Chico Xavier.
   Podia ter se tornado um dos mais ricos
escritores do Brasil, se não tivesse assumido a sua condição de médium. E os
livros assinados por aqueles seres espirituais viajaram o mundo, se tornaram
traduzidos em várias línguas, levando conforto, orientação, luz, inspiração do
bem a tanta gente. Escolha de Chico, opção que ele fez graças à sua liberdade
de escolher.
   Encontramos pessoas que podem ser honestas,
mas escolhem o caminho da desonestidade. Têm liberdade para isso.
   Achamos outras que podem ser dignas, mas
optam pelo labirinto da indignidade. Têm liberdade para isso.
   Outras se tornam homicidas, suicidas,
exatamente porque optaram por isso. E porque optaram por isso, são responsáveis
pelas consequências dessa opção que fizeram.
   Liberdade com Jesus é a opção que deveremos
fazer. Não estamos proibidos da distração, do esporte, de namorar, de casar,
formar família, de optar pela nossa profissão, de ter o nosso emprego, ganhar
nosso dinheiro, ganhar muito dinheiro, mas que tudo isso, fruto de nossa
escolha, fruto de nossa opção, esteja clareado pela luz do Cristo.
   Somente a partir desse clareamento que a
inspiração de Jesus proporciona sobre nossas vidas é que conseguiremos fazer
escolhas positivas, escolhas para sempre, escolhas para o bem.
   Cabe a você, meu irmão, minha irmã, cabe a
cada um de nós, fazer opções inteligentes, escolhas nobres, como Jesus Cristo
fez quando podia ter ficado no domínio das estrelas, entre os beijos dos
astros. Optou por descer à Terra e atender aos carentes de médico. "  ( Transcrição do Programa Vida e Valores, de
número 107, apresentado por  Raul
Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em
outubro de 2007. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 22 de março de
2009. Em 13.07.2009)

Compreendendo
que tudo são escolhas nossas, a vida
vivida…a vida não vivida
, em ambas continua a haver trabalho a fazer.

"Quando
não nos questionamos, ficamos a serviço de ideias carregadas de forte carga
afetiva: os complexos; colocamos nossa vida no piloto automático  e
passamos a viver padrões  repetidos, a ver o mundo  por uma
pequena  lente e abrimos mãos da nossa livre escolha. E a liberdade tão
desejada por nós não será alcançada, pois estaremos presos nas nossas histórias
internas. Resistir a essa crise é permanecer prisioneiro da infância, vivê-la é
realizar-se.  Quando violamos nossa psique e tentamos inutilmente impedir
seu fluxo, pagamos um preço muito caro, seja no corpo, através de uma doença,
nas tempestades afetivas ou ainda  assistindo nossos filhos carregarem o
peso de nossa vida não vivida em suas próprias jornadas.(…)”
"Temos
um grande trabalho a realizar, e esse trabalho consiste em vasculharmos todos
os cantos e gavetas da nossa psique. Na ânsia desesperada por coisas,
relacionamentos, sucesso, esquecemos o principal, não conquistamos nada se não
nos conquistarmos antes, tirar das costas dos outros a obrigação de nos fazer
felizes ou infelizes.
Arrumar
nossas gavetas nos leva a assumir responsabilidade por tudo em nossa vida,
retirar as projeções que lançamos nos outros e descermos para dentro de nós e
conversar com cada parte que encontrarmos revendo nossas escolhas, encontrando
nossa vida não vivida. Tudo que desconhecemos em nós nos possui, bloqueia nosso
caminho, tira o sabor da vida. É nosso trabalho arrumar tudo isso.“
Espelhos
da Alma, Uma Jornada Terapêutica

”Embora ninguém possa voltar
atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo
fim.(...)
Portanto, teu destino está
constantemente sobre teu controle. Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais,
buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus
pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes…(...)


  Não reclames nem te faças de vítima. Antes de
tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograme tua meta,
busque o bem e viverás melhor.” ("O Destino" de Chico Xavier)

Sugestão, para ver e refletir



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Literatura Espírita

Ciúme (17 janeiro)