Violência, herança de outros tempos...(16 de agosto)
Constrange-nos, indigna-nos, tantas noticias e imagens que nos chegam refletindo a violência do homem. Porém, no nosso dia-a-dia dentro e fora de casa, no emprego, nas relações que estabelecemos, quantas vezes somos alvo de violência, não apenas física, mas de palavras e pensamentos, quantas outras vezes não somos nós os agressores.
Se queremos que o mundo mude, que o ser humano se humanize cada vez mais, cada um de nós é responsável por dar esse passo dentro de si mesmo e do que sai de si.
"O orgulho leva a vos crer
mais do que sois; a não poder sofrer uma comparação que possa vos rebaixar; a vos
considerar, ao contrário, de tal modo acima dos vossos irmãos, seja como espírito,
seja como posição social, seja mesmo como superioridade pessoal, que o menor paralelo
vos irrita e vos fere; e o que ocorre então? Entregai-vos à cólera.
Procurais a origem desses acessos
de demência passageira que vos assemelham aos animais, fazendo-vos perder o sangue-frio
e a razão; procurais e encontrareis, quase sempre, por base, o orgulho ferido. Não
é orgulho ferido, por uma contradição, que vos faz rejeitar as observações justas,
que vos faz repelir com cólera os mais sábios conselhos? As próprias impaciências
que causam as contrariedades, frequentemente pueris, prendem-se à importância que
se atribui à própria personalidade diante da qual se crê que tudo deve se dobrar.
Em seu frenesim, o homem colérico
ataca a tudo: a natureza bruta, os objetos inanimados, que quebra, porque não lhe
obedecem. Ah! Se nesses momentos pudesse se ver com sangue-frio, teria medo de si,
ou se acharia ridículo! Que julgue por si a impressão que deve produzir sobre os
outros. Quando não fosse senão por respeito a si mesmo, deveria esforçar-se por
vencer uma tendência que faz dele objeto de piedade.
Se imaginasse que a cólera não
resolve nada, altera sua saúde, compromete-lhe a vida, veria que é sua primeira
vítima; mas uma outra consideração deveria, sobretudo, detê-lo: o pensamento de
que torna infelizes todos aqueles que o cercam; se tem coração, não terá remorso
em fazer sofrer os seres que mais ama? E que desgosto mortal se, num acesso desatinado,
cometesse um ato de que tivesse que se censurar por toda a sua vida!
Em suma, a cólera não exclui certas
qualidades do coração, mas impede de fazer muito bem, e pode levar a fazer muito
mal; isso deve bastar para motivar esforços por dominá-la. O espírita, por outro
lado, é solicitado por um outro motivo: ela é contrária à caridade e à humildade
cristãs." (ESE. Cap. IX, item 9)
"Nada mais comum nas atividades
terrenas do que o hábito enraizado das querelas, dos desentendimentos, das
chateações.
Nada
mais corriqueiro entre os indivíduos humanos.
Como
um campo de meninos, onde cada gesto, cada nota, cada menção se torna um bom
motivo para contendas e mal-entendidos, também na sociedade dos adultos o mesmo
fenómeno ocorre.
Mais
do que compreensível é que você, semelhante a um menino de “pavio curto”,
libere adrenalina nos episódios quotidianos que desafiem a sua estabilidade
emocional.
Compreensível
que se agite, que se irrite, que altere a voz, que afivele ao rosto expressões
de diversos e feios matizes.
Em
virtude do nível do seu mundo íntimo, tudo é passível de ocorrer.
Contudo,
você não veio à Terra para fixar deficiências, mas para trata-las, angariando
saúde.
Você
não se acha no mundo para submeter-se aos impulsos irracionais, mas para
fazê-los amadurecer para os campos da lúcida razão.
Você
não teve acesso ao planeta para se deixar levar pelo destempero, pela
irritação, desarticuladora do equilíbrio, mas tem você o dever de educar-se,
porque tem na pauta de sua vida o compromisso de cooperar com Deus, à medida
que cresça, que amadureça, que se enobreça.
(...)
Assim, observe-se, mais; conheça-se no aprendizado do bem, um pouco mais,
esforce-se mais por melhorar-se; resista um pouco mais aos impulsos da fera que
ainda ronda as suas experiências íntimas; acerque-se um pouco mais dos
Guardiães que o amparam.
Perante
as perturbações alheias, aprenda a analisar e não repetir.
Diante
da insurreição de alguém, analise e retire a lição para que não faça o mesmo.
Notando
a explosão violenta de alguém, reflita nas consequências danosas, a fim de não
o imitar.
Cada
esforço que você fizer por emendar-se, por educar-se, será secundado pela ajuda
de luminosos Imortais que estão, em todo tempo, investindo no seu progresso,
para que, pouco a pouco, mas sempre, você se alcandore e se ilumine, fazendo-se
vitorioso cooperador com a Divindade, tendo superado a si mesmo, transformando
suas noites morais em radiosas manhãs de perene formosura. "
Livro
"Para uso diário", Cap. 13, de José Raul Teixeira pelo espírito JOANES
Meditação: "Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação:´Fui o mais forte´."
(ESE, Cap. V, item 18, segundo parágrafo)
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