Os Nossos Filhos são Espíritos (5 de junho)

"As crianças não vêm com esses bem-acabados folhetos impressos que explicam minuciosamente como funcionam os aparelhos que adquirimos nas lojas. Não trazem um manual de instruções, que ensine como devemos abrir o pacote, tirar o aparelho da caixa, instalá­-lo e fazê­-lo funcionar. Também não trazem certificado de garantia, que se possa apresentar ao representante autorizado, juntamente com a nota fiscal, caso haja algum defeito de fabricação.
Dizem até que um jovem pai, que acabara de retirar mulher e filho do hospital, levou­-o de volta, para reclamar, porque ele estava com um vazamento...
Com o tempo, vamos aprendendo a resolver os pequenos problemas que surgem. E os grandes também, se e quando surgirem. Nós nos valemos da experiência dos mais velhos, geralmente uma das avós, ou ambas, tias, vizinhas e, naturalmente, dos médicos, quando a situação assim exige.(...)
Afinal, quem são nossos filhos, o que representam em nossas vidas e o que representamos nós na vida deles, além do simples relacionamento pais e filhos?
Longe de respostas mais claras e objetivas, ou, pelo menos, de hipóteses orientadoras, o que observamos, no dia­-a­-dia das lutas e alegrias da vida, é uma coletânea de clichês obsoletos, ou seja, ideias preconcebidas e cristalizadas que de tão repetidas assumiram status de verdades inquestionáveis, que vamos aceitando meio desatentos, sem procurar examiná­-las em profundidade. Por exemplo: o Marquinho “puxou” o jeito enérgico da mãe, ou  a Mónica herdou  a inteligência do pai, ou o gosto da tia pelas artes plásticas, ou, ainda, o  temperamento da avó Adelaide.
A primeira coisa a desaprender com relação às crianças é a de que elas não herdam características psicológicas, como inteligência, dotes artísticos, temperamento, bom ou mau gosto, simpatia ou  antipatia, doçura ou agressividade.
 Cada ser é único, em sua estrutura psicológica, preferências, inclinações e idiossincrasias.
Somente características físicas são  geneticamente transmissíveis: cor da pele, dos olhos, ou  dos cabelos, tendência a esta ou  àquela conformação física, predisposição a esta ou  àquela enfermidade, ou  a uma saúde mais estável, traços fisionómicos e coisas dessa ordem.
Quanto ao mais, não. Pais inteligentíssimos podem ter filhos medíocres, tanto quanto pais aparentemente pouco dotados podem ter filhos geniais. Pessoas pacíficas geram filhos turbulentos e, vice­-versa, pais desarmonizados produzem crianças excelentes, equilibradas e sensatas. 
 Qualquer um de nós poderá citar pelo menos uma dúzia de exemplos de seu conhecimento para testemunhar a exatidão dessas afirmativas. Por isso, repetimos, cada criança, cada pessoa, é única, é diferente, e embora possam ter, duas ou  mais, certas características em comum ou  muito semelhantes, cada uma delas é um universo próprio, como que individualizado. Até mesmo gémeos univitelinos, ou seja, gerados a partir do mesmo ovo, trazem, na similitude de certos traços físicos, diferenças fundamentais de temperamento e caráter que os identificam com precisão, como indivíduos perfeitamente autónomos e singulares.  Vamos logo, portanto, definir um importante aspecto: os pais produzem apenas o corpo físico dos filhos, não o espírito (ou alma) deles.
Outra coisa convém desaprender logo, para abrir  espaço  para novos conceitos, mais inteligentes, racionais e competentes acerca da vida. Esses espíritos ou almas que nos são confiados, já embalados em corpos físicos, que nós mesmos lhes proporcionamos, através do processo gerador, não são criados novinhos, sem passado e sem história! Eles já existiam antes, em algum lugar, têm uma biografia pessoal, trazem vivências e experiências aqui aportam para reviver e não para viver..
Estão, portanto, renascendo e não apenas nascendo." 
Livro "NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS" de Hermínio C. Miranda 


"Os laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços espirituais. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque este existia antes da formação do corpo. O pai não gera o Espírito do filho: fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral, para o fazer progredir.
Os Espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são os mais frequentemente Espíritos simpáticos, ligados por relações  anteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda  acontecer que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na Terra, a fim de lhes servir de prova. Os verdadeiros laços de família não são, portanto, os da consanguinidade, mas os da simpatia e da comunhão e pensamentos, que unem os Espíritos, antes, durante e após a encarnação. Donde se segue que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem, pois, atrair-se, procurar-se, tornarem-se amigos, enquanto dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, como vemos todos os dias. Problema moral, que só o Espiritismo podia resolver, pela pluralidade das existências." 
ESE Capa. XIV, item 8 


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