Quês e porquês de um Espirita (continuação) (26 de junho)

"Os que dizem que as crenças espíritas ameaçam invadir o mundo proclamam a sua força, porque uma ideia sem fundamento e destituída de lógica não poderia tornar-se universal. Se, pois, o Espiritismo se implanta por toda parte, se recruta adeptos sobretudo nas classes esclarecidas, como todos o reconhecem, é que tem um fundo de verdade. Contra essa tendência serão inúteis todos os esforços dos seus detratores e o que o prova é que o próprio ridículo de que o procuram cobrir, longe de deter o seu impulso, parece lhe haver dado novo vigor. Esse resultado justifica plenamente o que muitas vezes os Espíritos têm dito: “Não vos inquieteis com a oposição, tudo o que fizerem contra vós se tornará em vosso favor, e os vossos maiores adversários servirão à vossa causa sem o querer. Contra a vontade de Deus, a má vontade dos homens não poderá prevalecer”.

Com o Espiritismo, a Humanidade deve entrar numa fase nova: a do progresso moral, que lhe é consequência inevitável. Deixai, pois, de vos admirar da rapidez com que se propagam as ideias espíritas. A causa disso está na satisfação que elas proporcionam a todos os que as aprofundam e que nelas vêem alguma coisa mais do que um fútil passatempo. Ora, como o homem quer a sua felicidade acima de tudo, não é de admirar que se interesse por uma ideia que o torna feliz. O desenvolvimento dessas ideias apresenta três períodos distintos: o primeiro é o da curiosidade provocada pela estranheza dos fenómenos; o segundo é o do raciocínio e da filosofia; o terceiro, o da aplicação e das consequências. O período da curiosidade já passou; a curiosidade não dura mais que um certo tempo e uma vez satisfeita muda de objeto; mas o mesmo não acontece com o que se refere ao pensamento sério e ao raciocínio. O segundo período já começou e o terceiro o seguirá inevitavelmente. O Espiritismo progrediu sobretudo depois que foi melhor compreendido na sua essência, depois que lhe perceberam o alcance, porque ele toca nas fibras mais sensíveis do homem: as da sua felicidade, mesmo neste mundo. Nisso está a causa da sua propagação, o segredo da força que o faz triunfar. Ele torna felizes os que o compreendem, enquanto a sua influência não se estende sobre as massas. Mesmo aquele que não tenha testemunhado nenhum fenómeno material de manifestações dirá: além dos fenómenos há uma filosofia; essa filosofia me explica o que NENHUMA outra havia explicado; nela encontro, pelo simples raciocínio, uma demonstração racional dos problemas que interessam no mais alto grau ao meu futuro; ela me proporciona a calma, a segurança, a confiança, me livra do tormento da incerteza e ao lado disso a questão dos fatos materiais se torna secundária. Vós todos, que o atacais, quereis um meio de o combater com sucesso? Ei-lo aqui. Substituí-o por alguma coisa melhor, encontrai uma solução MAIS FILOSÓFICA para todas as questões que ele resolve, dai ao homem OUTRA CERTEZA que o torna mais feliz, mas compreendei bem o alcance dessa palavra certeza, porque o homem não aceita como certo senão o que lhe parece lógico. Não vos contenteis de dizer que isso não é assim, pois é muito fácil negar. Provai, não por uma negação, mas através dos fatos que isso não é, jamais foi e nem PODE ser. E se isso não é, dizei sobretudo o que devia ser em seu lugar. Provai, por fim, que as consequências do Espiritismo não tornam os homens melhores e, portanto, mais felizes, pela prática da mais pura moral evangélica, moral que muito se louva mas pouco se pratica. Quando tiverdes feito isso, tereis o direito de o atacar. O Espiritismo é forte porque se apoia nas próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e recompensas futuras, e porque sobretudo mostra essas penas e recompensas como consequências naturais da vida terrena, oferecendo um quadro do futuro cm que nada pode ser contestado pela mais exigente razão. Vós, cuja doutrina consiste inteiramente na negação do futuro, que compensação ofereceis para os sofrimentos deste mundo? Vós vos apoiais na incredulidade, e ele se apoia na confiança em Deus. Enquanto ele convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeira fraternidade, vós lhe ofereceis o NADA por perspectiva e o EGOÍSMO por consolação. Ele explica tudo, vós nada explicais. Ele prova pelos fatos e vós nada provais. Como quereis que o homem hesite entre essas duas doutrinas?" Livro dos Espíritos, Conclusão, item V.

"Se a doutrina espírita fosse uma concepção puramente humana, não teria como garantia senão as luzes daquele que a tivesse concebido. Ora, ninguém neste mundo poderia ter a pretensão de possuir, sozinho, a verdade absoluta. Se os Espíritos que a revelaram se houvessem manifestado a apenas um homem, nada lhe garantiria a origem, pois seria necessário crer sob palavra no que dissesse haver recebido os seus ensinos. Admitindo-se absoluta sinceridade de sua parte, poderia no máximo convencer as pessoas do seu meio, e poderia fazer sectários, mas não chegaria nunca a reunir a todos. Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por um meio mais rápido e mais autêntico. Eis porque encarregou os Espíritos de a levarem de um pólo ao outro, manifestando-se por toda parte, sem dar a ninguém o privilégio exclusivo de ouvir a sua palavra. Um homem pode ser enganado e pode enganar-se a si mesmo, mas não aconteceria assim, quando milhões vêem e ouvem a mesma coisa: isto é uma garantia para cada um e para todos. Demais, pode fazer-se desaparecer um homem, mas não se faz desaparecerem as massas; podem-se queimar livros, mas não se podem queimar espíritos. Ora, queimem-se todos os livros, e a fonte da doutrina não será menos inesgotável, porque não se encontra na Terra, surge de toda parte e cada um pode captá-la. Se faltarem homens para a propagar, haverá sempre os Espíritos, que atingem a todos e que ninguém pode atingir." E. S. E. Introdução, item II – Autoridade da Doutrina Espírita

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