O casamento (11 de setembro)



"Ensinos e Dissertações Espíritas" "UNIÃO SIMPÁTICA DAS ALMAS"
(Bordeaux, 15 de fevereiro de 1862 – Médium: Sra. H...)
"P. – Já me dissestes várias vezes que nos reuniríamos para não mais nos separarmos. Como poderá dar-se isto? As reencarnações, mesmo as que se seguem às da Terra, nem sempre separam por um tempo mais ou menos longo?
Resp. – Eu to disse: Deus permite aos que se amam sinceramente e souberam sofrer com resignação para expiar suas faltas, reunir-se, a princípio no mundo dos Espíritos, onde progridem juntos, a fim de conseguirem encarnações nos mundos superiores. Podem, pois, se o pedirem com fervor, deixar os mundos espíritas na mesma época, reencarnar nos mesmos lugares e, por um encadeamento de circunstâncias previstas, reunir-se pelos laços que mais convierem aos seus corações. Uns terão pedido para serem pai ou mãe de um Espírito que lhes era simpático e se sentirão felizes por o dirigirem no bom caminho, cercando-o dos ternos cuidados da família e da amizade. Outros terão pedido a graça de se unirem pelo matrimônio e verem escoar-se muitos anos de felicidade e de amor. Refiro-me ao casamento entendido no sentido da união íntima de dois seres que não querem separar-se mais. Entretanto, tal como é compreendido na Terra, o casamento não é conhecido nos mundos superiores. Nesses lugares de felicidade, de liberdade e de alegria, os laços são de flores e de amor; e não creias que, por isso, sejam menos duráveis. Só o coração fala e guia nessas uniões tão doces. Uniões livres e felizes, casamento de almas perante Deus, eis a lei do amor dos mundos superiores! E os seres privilegiados dessas regiões abençoadas, sentindo-se mais fortemente ligados por semelhantes sentimentos do que o são os homens da Terra, que muitas vezes desprezam os mais sagrados compromissos, não oferecem o deplorável espetáculo de uniões perturbadas incessantemente pela influência dos vícios, das paixões inferiores, da inconstância, da inveja, da injustiça, da aversão, de todas essas horríveis inclinações que conduzem ao mal, ao perjúrio e à violação dos mais solenes juramentos. Pois bem! esses casamentos abençoados por Deus, essas uniões tão afetuosas são a recompensa daqueles que, tendo-se amado profundamente no sofrimento, pedem ao Senhor, justo e bom, para continuarem a se amar em mundos superiores, sem, contudo, temerem uma próxima e dolorosa separação. Que haverá nisso que não seja fácil de compreender e admitir? Deus, que ama a todos os seus filhos, não teria podido criar, para aqueles que se tivessem tornado dignos, uma felicidade tão perfeita quanto cruéis tinham sido as provas? Que poderia conceder de mais conforme ao sincero desejo de todo coração amoroso? De todas as recompensas prometidas aos homens, haverá algo semelhante a esse pensamento, a essa esperança, eu poderia dizer, a essa certeza: unir-se aos seres adorados para a eternidade? Crê-me, filha querida, nossas secretas aspirações, essa necessidade misteriosa, mas irresistível de amar, de amar longamente, de amar sempre, não foi colocada por Deus nos nossos corações senão porque a promessa do futuro nos permitia essas doces esperanças. Deus não nos fará experimentar as dores da deceção. Nossos corações querem a felicidade e só palpitam pelas afeições puras. A recompensa só poderia ser a perfeita realização de nossos sonhos de amor. Do mesmo modo que, pobres Espíritos
sofredores destinados à provação, foi-nos preciso pedir e, por vezes, até mesmo escolher as mais cruéis expiações, também escolhemos, como Espíritos felizes e regenerados, na nova vida destinada a nos depurar ainda mais, a soma de felicidades concedidas ao Espírito adiantado. Tens aí, filha bem-amada, uma exposição sumária das felicidades futuras. Muitas vezes teremos ocasião de voltar a esse agradável assunto. Deves compreender quanto a perspetiva desse futuro me torna feliz e quanto me é doce confiar-te as minhas esperanças!"
Allan Kardec, Mês de Julho da Revista Espírita de 1862
"Deus quis que os seres se unissem, não somente pelos laços carnais, mas também pelos da alma, a fim de que a mútua afeição dos esposos se estenda aos filhos, e para que sejam dois, em vez de um, a amá-los, tratá-los e fazê-los progredir. Nas condições ordinárias do casamento, é levada em conta a lei do amor? Absolutamente! Não se consulta o sentimento mútuo de dois seres, que se atraem reciprocamente, pois na maioria das vezes, esse sentimento é rompido. O que se procura não é a satisfação do coração, mas a do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: todos os interesses materiais. Quando tudo corre bem, segundo esses interesses, diz-se que o casamento é conveniente, e quando as bolsas estão bem equilibradas, diz-se que os esposos estão igualmente harmonizados e devem ser muito felizes.
Mas nem a lei civil, nem os compromissos que ela determina, podem suprir a lei do amor, se esta não presidir à união. Disso resulta frequentemente, que aquilo que se uniu à força, por si mesmo se separa, e que o juramento pronunciado ao pé do altar se torna um prejuízo, se foi dito como simples fórmula. São assim as uniões infelizes, que se tornam criminosas. Dupla desgraça, que se evitaria se, nas condições do matrimônio, não se esquecesse à única lei que o sanciona aos olhos de Deus: a lei do amor. Quando Deus disse: “Serão dois numa só carne”, e quando Jesus advertiu: “Não separe o homem o que Deus juntou”, isso deve ser entendido segundo a lei imutável de Deus, e não segundo a lei instável dos homens."
E. S. E. Cap. XXII, item 3

O Casamento é Lei de Progresso, Igualdade, mas acima de tudo Lei de AMOR

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