Sobre os dias que vivemos

Longe desta epidemia que vivemos ser singular, desde sempre ocorreram catástrofes e epidemias. Nada porém acontece por acaso ou contra a vontade de Deus, este é um momento não para desespero ou alarmismo, mas antes para reflexão e consciência. A História, o passado, os relatos que nos  chegam do outro lado da vida, devem servir para nos ajudar a compreender e a crescer com cada nova prova com que nos deparamos.

Fomos à Revista Espírita de 1868 (mês de novembro) e retiramos a explicação dada pelo Espírito Clelie Duplantier, acerca da  Epidemia da Ilha Maurício, relatada na Revista de julho de 1867, onde é descrita a terrível doença que devastou a ilha Maurício (antiga Ilha de França).

"Em todos os tempos fizeram preceder os grandes cataclismos fisiológicos de sinais manifestos da cólera dos deuses. Fenómenos particulares precediam a irrupção do mal, como uma advertência para se preparar para o perigo. Com efeito, essas manifestações ocorreram não como um presságio sobrenatural, mas como sintomas da iminência da perturbação.

Como se teve razão para vos dizer, nas crises em aparência as mais anormais que, sucessivamente, dizimam as diferentes regiões do globo, nada é deixado ao acaso; elas são a consequência das influências dos mundos e dos elementos uns sobre os outros (outubro de 1868); elas são preparadas de longa data e sua causa é, por conseguinte, perfeitamente normal.

A saúde é o resultado do equilíbrio das forças naturais. Se uma doença epidémica causa estragos num lugar qualquer, não pode ser senão a consequência de uma ruptura desse equilíbrio; daí o estado particular da atmosfera e os fenómenos singulares que aí podem ser observados.

Os meteoros conhecidos pelo nome de estrelas cadentes são compostos de elementos materiais, como tudo o que cai sob os nossos sentidos; não aparecem senão graças à fosforescência desses elementos em combustão, e cuja natureza especial por vezes desenvolve, no ar respirável, influências deletérias e morbíficas. As estrelas cadentes eram, para Maurício, não o presságio, mas a causa secundária do flagelo. Por que sua ação se exerceu em particular sobre aquela região? Primeiro porque, como disse muito bem o vosso correspondente, ela é um dos meios destinados a regenerar a Humanidade e a Terra propriamente dita, provocando a partida de encarnados e a modificação dos elementos materiais; e, também, porque as causas que determinam essas espécies de epidemia em Madagáscar, no Senegal e por toda parte onde a febre palustre e a febre amarela exercem sua devastação, não existindo na Ilha Maurício, a violência e a persistência do mal deveriam determinar a pesquisa séria de sua fonte, e atrair a atenção sobre a parte que aí pudessem tomar as influências de ordem psicológica.

Os que sobreviveram, em contato forçado com os doentes e os moribundos, foram testemunhas de cenas que a princípio não se deram conta, mas cuja lembrança lhes voltará com a calma, e que não podem ser explicadas senão pela ciência espírita.
Os casos de aparições, de comunicações com os mortos, de previsões seguidas de realização, aí têm sido muito comuns. Apaziguado o desastre, a memória de todos esses fatos surgirá e provocará reflexões que, pouco a pouco, levarão a aceitar as nossas crenças.

Maurício vai renascer! o ano novo verá extinguir-se o flagelo de que foi a vítima, não por efeito dos remédios, mas porque a causa terá produzido o seu efeito; outros climas, por sua vez, sofrerão a opressão de um mal da mesma natureza, ou de outra qualquer, determinando os mesmos desastres e conduzindo aos mesmos resultados.

Uma epidemia universal teria semeado o pânico na Humanidade inteira e por muito tempo detido a marcha de todo progresso; uma epidemia restrita, atacando sucessivamente e sob múltiplas formas, cada centro de civilização, produzirá os mesmos efeitos salutares e regeneradores, mas deixará intactos os meios de ação de que a Ciência pode dispor. Os que morrem são feridos de impotência; mas os que vêem a morte à sua porta buscam novos meios de a combater. O perigo torna inventivo; e, quando todos os meios materiais estiverem esgotados, cada um será mesmo constrangido a pedir a salvação aos meios espirituais.

 Sem dúvida é apavorante pensar em perigos dessa natureza, mas, já que são necessários e não terão senão salutares consequências, é preferível, em vez de os esperar tremendo, preparar-se para os afrontar sem medo, sejam quais forem os seus resultados. Para o materialista, é a morte horrível e o nada depois; para o espiritualista e, em particular, para o espírita, que importa o que acontecer! Se escapar ao perigo, a prova o encontrará sempre inabalável; se morrer, o que conhece da outra vida o fará encarar a passagem sem empalidecer.

Preparai-vos, pois, para tudo, e sejam quais forem a hora e a natureza do perigo, compenetrai-vos desta verdade: a morte não passa de uma palavra vã e não há nenhum sofrimento que as forças humanas não possam dominar. Aqueles a quem o mal for insuportável, serão os únicos que o terão recebido com o riso nos lábios e a indiferença no coração, isto é, que se julgarão fortes em sua incredulidade."
Clélie Duplantier

Não importa o nome da doença, as suas características ou sintomas, tudo obedece a uma finalidade providencial.

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