Dom de curar (6 de novembro)
"Devolvei a saúde aos doente, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demonios. Dai gratuitamente o que recebeste gratuitamente." (Mateus, X:8); ESE cap. XXVI
Antigamente,
no mundo ocidental, a saúde era considerada como resultado do bom funcionamento
do conjunto de órgãos do nosso corpo. Esta
ainda é a concepção predominante, e os métodos mais usados pela medicina
tradicional - o bombardeio químico ou a intervenção cirúrgica - revelam que ela
encara o corpo humano como uma simples máquina.
Porém, no Oriente, desde há muito, já se compreendia a saúde como
resultado de um equilíbrio entre o corpo e o Espírito, ambos importantes e
inter-relacionados de maneira tão estreita, que se podia agir com o corpo e
atuar na mente ou, usando a mente, comandar o corpo.
Cada vez
mais, a experiência demonstra que esta última é a hipótese válida. Os médicos
vão compreendendo que é impossível curar verdadeiramente uma doença agindo
sobre sua manifestação externa, visível, física, pois suas raízes são muito
mais profundas: encontram-se a nível mental, emocional, espiritual (ou como
diríamos nós, espíritas, a nível perispiritual e espiritual).
A cura, como se pode ver, não é então um simples ato mecânico.
Não basta resolver os sintomas observáveis de um mal para que ele desapareça,
se sua causa está num desequilíbrio muito mais profundo, entre o Ser e as leis
naturais. A cura, como se pode ver, depende também do doente querer, desejar e
procurar reequilibrar-se psíquica e espiritualmente, razão pela qual Jesus
dizia: Vai, e não peques mais.
Sem colaboração do enfermo, o médico (ou curador, de
maneira geral) nada pode fazer, a não ser, quem sabe, proporcionar um certo
alívio.
Esta
maneira de entender o processo de cura também conduz a uma compreensão
totalmente nova do papel do curador. Em geral, as pessoas se impressionam
enormemente com aqueles que possuem, ou a mediunidade de cura, ou um poder
magnético próprio capaz de eliminar enfermidades.
Estas
curas ainda são consideradas milagres, os que as obtém são considerados santos
ou missionários, tudo é levado para o terreno do mágico e do maravilhoso.
A enfermidade é um estímulo evolutivo, um modo de
perceber que estamos a agir contra as leis naturais, e de nos reencontrarmos
com elas. Todo mal contém uma lição, se estamos receptivos para assimilá-la. É
um período de auto-educação, que podemos prolongar ou encurtar, dependendo da
nossa atitude mental.
O curador, na verdade, não cura, mas é um facilitador
do processo de autocura, da mesma forma que o
professor não educa, mas é um facilitador do processo de auto-educação.
O seu poder não é ilimitado, pois depende da
necessidade, merecimento e fé do paciente.
O curador não realiza a cura, ele funciona como um
agente catalisador de recursos curativos, os quais poderão ser bem ou mal
aproveitados pelo enfermo, de acordo com sua condição emocional, mental,
espiritual.
O dom de curar, então, não existe? Bem... como
capacidade de aliviar os sofrimentos, ele existe, sim, dentro de cada um que
tem amor e compaixão pelo seu semelhante. A eficácia do passe demonstra isto na
rotina dos centros espíritas.
Como poder de liberação definitiva dos males físicos e
espirituais, no entanto, ele está em cada ser humano, para ser exercitado em
favor de si mesmo, na própria transformação interna para melhor. (Rita Foelker)
Deus deu a cada homem o poder de se adoecer, pela má gestão do seu livre arbitriu, mas também o poder de se curar através da fé e da prática do bem, e pela vivência do amor e da caridade o poder de curar outros.
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