As 5 alternativas da Humanidade (12 de outubro)
Se havemos de viver, como viveremos? Em que condições viremos a encontrar-nos? Aqui, os sistemas variam, de acordo com as ideias religiosas e filosóficas. Podem, no entanto, reduzir-se a cinco todas as capitais alternativas, que passamos a sumariar, a fim de que se torne mais fácil a comparação e cada um possa escolher a que lhe pareça mais racional e melhor corresponda às suas aspirações pessoais e às exigências da sociedade. As cinco alternativas são as que resultam das doutrinas do materialismo, do panteísmo, do deísmo, do dogmatismo e do Espiritismo.
I — Doutrina Materialista - A inteligência do homem é uma propriedade da matéria; nasce e morre com o organismo. O homem nada é antes, nem depois da vida corporal.
Consequências. — Sendo o homem apenas matéria, os gozos materiais são as únicas coisas reais e desejáveis; as afeições morais carecem de futuro; os laços morais a morte os quebra sem remissão e para as misérias da vida não há compensação; o suicídio vem a ser o fim racional e lógico da existência, quando não se pode esperar atenuação para os sofrimentos; inútil qualquer constrangimento para vencer os maus pendores; viver cada um para si o melhor possível, enquanto aqui estiver; estupidez vexar-se e sacrificar o repouso, o bem-estar por causa de outros, isto é, por causa de seres que a seu turno serão aniquilados e que ninguém tornará a ver; deveres sociais sem fundamento, o bem e o mal meras convenções; por freio social unicamente a força material da lei civil.
II — Doutrina Panteísta - O princípio inteligente, ou alma, independente da matéria, é extraído, ao nascer, do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte, à massa comum, como as gotas de chuva ao oceano.
Consequências. — Sem individualidade e sem consciência de si mesmo, o ser é como se não existisse. As consequências morais desta doutrina são exatamente as mesmas que as da doutrina materialista.
III — Doutrina Deísta - O deísmo compreende duas categorias bem distintas de crentes: os deístas independentes e os deístas providencialistas.
Os primeiros crêem em Deus; admitem todos os seus atributos como criador. Deus, dizem eles, estabeleceu as leis gerai que regem o Universo; mas, uma vez estabelecidas, essas leis funcionam por si sós e aquele que a promulgou de mais nada se ocupa. As criaturas fazem o que querem ou o que podem, sem que ele se inquiete. Não há providência; não se ocupando Deus connosco, nada temos que lhe agradecer, nem que lhe pedir.
Há uma diferença essencial entre o deísta independente, do qual acabamos de falar, e o deísta providencialista. Este último, com efeito, crê não só na existência e no poder criador de Deus, na origem das coisas, como também crê na sua intervenção incessante na criação e a ele ora, mas não admite o culto exterior e o dogmatismo atual.
IV — Doutrina Dogmática - A alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a individualidade após a morte; desde esse momento, tem irrevogavelmente determinada a sua sorte; nulos lhe são quaisquer progressos ulteriores; ela será, pois, por toda a eternidade, intelectual e moralmente, o que era durante a vida. Sendo o maus condenados a castigos perpétuos e irremissíveis no inferno, completamente inútil lhes resulta todo arrependimento; parece assim que Deus se nega a conceder-lhes a possibilidade de repararem o mal que fizeram. Os bons são recompensados com a visão de Deus e a contemplação perene no céu. Os casos que possam merecer o céu ou o inferno, por toda a eternidade, são deixados à decisão e ao juízo de homens falíveis, aos quais é dada a faculdade de absolver ou condenar.
V — Doutrina Espírita - O princípio inteligente independe da matéria. A alma individual preexiste e sobrevive ao corpo. O ponto de partida ou de origem é o mesmo para todas as almas, sem exceção; todas são criadas simples e ignorantes e sujeitas a progresso indefinido. Nada de criaturas privilegiadas e mais favorecidas do que outras. Os anjos são seres que chegaram à perfeição, depois de haverem passado, como todas as outras criaturas, por todos os graus da inferioridade. As almas ou Espíritos progridem mais ou menos rapidamente, mediante o uso do livre-arbítrio, pelo trabalho e pela boa-vontade.
A vida espiritual é a vida normal; a vida corpórea é uma fase temporária da vida do Espírito, que durante ela se reveste de um envoltório material, de que se despe por ocasião da morte.
O Espírito progride no estado corporal e no estado espiritual. O estado corpóreo é necessário ao Espírito, até que haja galgado um certo grau de perfeição. Ele aí se desenvolve pelo trabalho a que é submetido pelas suas próprias necessidades e adquire conhecimentos práticos especiais. Sendo insuficiente uma só existência corporal para que adquira todas as perfeições, retoma um corpo tantas vezes quantas lhe forem necessárias e de cada vez encarna com o progresso que haja realizado em suas existências precedentes e na vida espiritual. Quando, num mundo, alcança tudo o que aí pode obter deixa-o para ir a outros mundos, intelectual e moralmente mais adiantados, cada vez menos materiais, e assim por diante, até à perfeição de que é suscetível a criatura.
O estado ditoso ou inditoso dos Espíritos é inerente ao adiantamento moral deles; a punição que sofrem é consequência do seu endurecimento no mal, de sorte que, com o perseverarem no mal, eles se punem a si mesmos, mas, a porta do arrependimento nunca se lhes fecha e eles podem, desde que o queiram, volver ao caminho do bem e efetuar, com o tempo, todos os progressos.
As crianças que morrem em tenra idade podem ser Espíritos mais ou menos adiantados, porquanto já tiveram outras existências em que ou praticaram o bem ou cometeram ações más. A morte não os livra das provas que hajam de sofrer e, em tempo oportuno, eles voltam a uma nova existência na Terra, ou em mundos superiores, conforme o grau de elevação que tenham atingido.
A alma dos cretinos e dos idiotas é da mesma natureza que a de qualquer outro encarnado; possuem, muitas vezes, grande inteligência; sofrem pela deficiência dos meios de que dispõem para entrar em relação com os seus companheiros de existência, como os mudos sofrem por não poderem falar. É que abusaram da inteligência em existências pretéritas e aceitaram voluntariamente a situação de impotência para usar dela, a fim de expiarem o mal que praticaram, etc., etc.
Allan Kardec, Obras Postumas
História real de Reencarnação- https://youtu.be/bj6cDNXjBXA
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