Muito se pedirá aquele que muito recebeu (13 de setembro)

Nós que tantas vezes pedimos a Deus incessantemente inúmeras coisas, que reclamamos a cada instante os nossos direitos, será que fazemos bom uso de tudo o que nos foi confiado?

Aqui fica um convite à reflexão...

“Porque aquele servo, que soube a vontade
de seu Senhor, e não se apercebeu, e não obrou conforme a sua vontade, dar-se-lhe-ão muitos açoites. as aquele que não a soube, e fez coisas dignas de castigo, levará poucos açoites. Porque a todo aquele, a quem muito foi dado, muito será pedido, e ao que muito confiaram, mais contas lhe tomarão. (Lucas, XII:47-48)."      Cap. XVIII, item 10


"E Jesus lhe disse: Eu vim a este mundo para exercitar um juízo, a fim de que os que não vêem, vejam, e os que vêem, se tornem cegos. E ouviram alguns dos fariseus que estavam com ele, e lhe disseram: Logo, também nós somos cegos? Respondeu-lhes Jesus: Se vós fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como agora mesmo dizeis: Nós vemos, fica subsistindo o vosso pecado. (João, IX: 39-41).". Cap. XVIII, item 11

"Estas máximas encontram sobretudo a sua aplicação no ensinamento dos Espíritos. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo é seguramente culpado, se não os praticar. Mas além de não ser suficientemente difundido o Evangelho que os contêm, senão entre as seitas cristãs, mesmo entre estas, quantas pessoas existem que não o lêem, e entre as que o lêem, quantas não o compreendem! Disso resulta que as próprias palavras de Jesus ficam perdidas para a maioria. O ensinamento dos Espíritos, que reproduz essas máximas sob diferentes formas, que as desenvolve e comenta, pondo-as ao alcance de todos, tem sido de particular, ou seja, não é circunscrito. Assim, todos, letrados ou
não, crentes ou descrentes, cristãos ou não cristãos, podem recebê-lo, pois os Espíritos se comunicam por toda à parte. Nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outros, pode pretextar ignorância, ou pode desculpar-se com a sua falta de instrução ou com a obscuridade do sentido alegórico. Aquele, pois, que não o põe em prática para se melhorar, que o admira apenas como interessante e curioso, sem que seu coração seja tocado, que não se faz menos fútil, menos orgulhoso, menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para o seu próximo, é tanto mais culpado, quanto teve maior facilidade para conhecer a verdade.".   Cap. XVIII, item 12


"(...) Conta-se que Allan Kardec, quando reunia os textos de que nasceria "O Livro dos Espíritos", recolheu-se ao leito, certa noite, impressionado com um sonho de Lutero, de que tomara notícias. O grande reformador, em seu tempo, acalentava a convicção de haver estado no paraíso, colhendo informes em torno da felicidade celestial.
        
 Comovido, o codificador da Doutrina Espírita, durante o repouso, viu-se também fora do corpo, em singular desdobramento... Junto dele, identificou um enviado de planos sublimes, que o transportou, de chofre, a nevoenta região, onde gemiam milhares de entidades em sofrimento estarrecedor. Soluços de aflição casavam-se a gritos de cólera, blasfémias seguiam-se a gargalhadas de loucura. Atônito, Kardec lembrou os tiranos da história e inquiriu, espantado:
 -Jazem aqui os crucificadores de Jesus?
 -Nenhum deles - informou o guia solícito. - Conquanto responsáveis, desconheciam, na essência, o mal que praticavam. O próprio Mestre auxiliou-os a se desembaraçarem do remorso, conseguindo-lhes abençoadas reencarnações, em que se resgataram perante a Lei.
 - E os imperadores romanos? Decerto, padecerão nestes sítios aqueles mesmos suplícios que impuseram à humanidade…
 - Nada disso. Homens da categoria de Tibério ou Calígula não possuíam a mínima noção de espiritualidade. Alguns deles, depois de estágios regenerativos na Terra, já se elevaram a esferas superiores, enquanto que outros se demoram, até hoje, internados no campo físico, à beira da remissão.
 - Acaso andarão presos nestes vales sombrios - tornou o visitante - os algozes dos cristãos, nos séculos primitivos do Evangelho?
 - De nenhum modo. - replicou o lúcido acompanhante. - Os carrascos dos seguidores de Jesus, nos dias apostólicos, eram homens e mulheres quase selvagens, apesar das tintas de civilização que ostentavam... Todos foram encaminhados à reencarnação para adquirirem instrução e entendimento.
 O codificador do Espiritismo pensou nos conquistadores da Antiguidade: Átila, Aníbal, Alarico I, Gengis Khan... Antes, todavia, que enunciasse nova pergunta, o mensageiro acrescentou, respondendo-lhe à consulta mental:
 - Não vagueiam, por aqui, os guerreiros que recordas... Eles nada sabiam das realidades do espírito e, por isso, recolheram piedoso amparo, dirigidos para o renascimento carnal, entrando em lides expiatórias, conforme os débitos contraídos.
 - Então, dize-me, - rogou Kardec, emocionado - que sofredores são estes, cujos gemidos e imprecações me cortam a alma?
 E o orientador esclareceu, imperturbável:
 - Temos junto de nós os que estavam no mundo plenamente educados quanto aos imperativos do bem e da verdade, e que fugiram deliberadamente da verdade e do bem, especialmente os cristãos infiéis de todas as épocas, perfeitos conhecedores da lição e do exemplo do Cristo e que se entregaram ao mal por livre vontade.
Para eles, um novo berço na Terra é sempre mais difícil.
     
 Chocado com a inesperada observação, Kardec regressou ao corpo e, de imediato, levantou-se e escreveu a pergunta que apresentaria, na noite próxima, ao exame dos mentores da obra em andamento e que figura como sendo a questão número 642, de "O Livro dos Espíritos":
    
 "Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?,
indagação esta a que os instrutores retorquiram: "Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem." (...).  Do livro CARTAS E CRÔNICAS Cap. 7, de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER e IRMÃO X

 Q. 643. Há pessoas que, por sua posição, não tenham possibilidade de fazer o bem?
 — Não há ninguém que não possa fazer o bem; somente o egoísta não encontra jamais a ocasião de praticá-lo. É suficiente estar em relação com outros homens para se fazer o bem, e cada dia da vida oferece essa possibilidade a quem não estiver cego pelo egoísmo, porque fazer o bem não é apenas ser caridoso mas ser útil na medida do possível, sempre que o auxílio se faça necessário.

Q. 646. O mérito do bem que se faz está subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes graus no mérito do bem?

 — O mérito do bem está na dificuldade; não há nenhum em fazê-lo sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão que o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o disse, a propósito do óbolo da viúva." Livro dos Espíritos 

E porque o humor pode ser uma boa forma de reflexão...


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