Serei verdadeiramente um homem de bem? (6 de setembro)
Reconhece-se
o bem pelas suas obras
"No
capítulo XVII, item 4, de O Evangelho segundo o Espiritismo, encontramos uma
frase de Kardec muito citada nas palestras espíritas: “Reconhece-se o
verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega
para domar suas inclinações más”.
Nesse mesmo capítulo, item 1, Kardec cita os
versículos 44, 46 a 48, do capítulo 5, do Evangelho de Mateus, com a recomendação
de Jesus para amarmos os nossos inimigos, fazermos o bem aos que nos odeiam e
orarmos pelos que nos perseguem e caluniam.
Pois se amarmos apenas os que nos amam e se
saudarmos somente os nossos irmãos estaremos fazendo o mesmo que os publicanos
e pagãos já faziam. E termina Jesus: “–
Sede, pois, vós outros, perfeitos como perfeito é o vosso Pai celestial”
(entenda-se aqui a perfeição relativa, ou da caridade ampla, que abrange todas
as virtudes).
Exemplo:
ao tomar café-da-manhã com a família, sua filha derrama café em sua camisa bran-
ca de trabalho. Você não tem controle sobre isso, mas sua ação, em seguida,
pode provocar uma reação em cadeia.
Primeira hipótese: Você briga com sua filha e
ela chora, critica sua esposa por ter colocado a xícara muito na beirada da
mesa e começa uma discussão. Você fica estressado
e troca a camisa. Sua filha continua chorando e perde o ônibus escolar. Sua
esposa vai para o trabalho chateada. Você tem que levar sua filha de carro para
a escola. Como está atrasado, dirige em alta velocidade e é multado. Discute com o guarda e perde mais 15 minutos.
Quando chega à escola, sua filha entra e não se despede de você. Ao chegar atrasado
ao escritório, percebe que esqueceu sua pasta. Ansioso para o dia acabar,
quando chega a casa, sua esposa e filha estão aborrecidas com você. Tudo isso
por causa de sua reação ao café derramado na camisa.
Segunda hipótese: o café cai
na sua camisa e você diz, gentilmente, à filha: – Não fique triste, acidentes
acontecem. Troca de camisa, dá um beijo em sua esposa e na filha e, antes de
sair de carro para o escritório, vê a filha, ao longe, pegando o ônibus e lhe
acenando adeus com uma das mãos.
A
situação foi a mesma, mas sua reação pode determinar se seu dia será bom ou
ruim.
Segundo Kardec, o homem de bem:
• cumpre a lei de justiça, de amor e de
caridade em sua maior pureza, consulta sua consciência para saber se violou
essa lei, se fez todo o bem que podia;
• tem fé na bondade, na justiça e na sabedoria
de Deus e se submete à sua Vontade;
• tem fé no futuro, colocando os bens
espirituais acima dos temporais;
• aceita as dificuldades da vida como provas
ou expiações;
• faz o bem pelo bem, retribui o mal com o bem
e sacrifica seus interesses à justiça;
• pensa primeiro nos outros antes de pensar em
si mesmo e faz o bem com satisfação; o egoísta, ao contrário, calcula as
vantagens e os prejuízos de sua ação;
• vê todas as pessoas como irmãs;
• respeita as crenças alheias;
• não alimenta ódio nem desejo de vingança;
• perdoa e esquece as ofensas;
• é tolerante com as fraquezas alheias, pois
sabe que precisa de tolerância para com as suas;
• não comenta os defeitos alheios, mas se
obrigado a isso, procura ver o lado bom das pessoas;
• estuda as próprias imperfeições e trabalha
incessantemente para corrigi-las;
• é modesto com as próprias qualidades e
procura destacar as dos outros;
• usa os bens que possui sem vaidade e com
consciência;
• trata com respeito seus superiores, e com
bondade e simplicidade seus subordinados;
• respeita todos os direitos naturais do
próximo como deseja que sejam respeitados os seus. (Op. cit., item 3.)
Conclui Kardec que não ficam assim enumeradas
todas as qualidades do homem de bem, mas, quem se esforçar em praticá-las encontra-se
no caminho que conduz a todas as demais qualidades.
Em
seguida, tratando sobre os bons espíritas, ele informa que, bem compreendido e
bem sentido, o Espiritismo leva-nos à condição de homem de bem. “[...]
O
Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a
inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável eesclarecida
aos que duvidam ou vacilam.” (Op. cit., item 4.)
Infelizmente, muitas pessoas acham
que a moral espírita ou cristã se aplica às outras pessoas e não a si próprias.
A Doutrina Espírita é muito
clara, não necessita de uma inteligência fora do comum para praticá-la. Prova
disso é que muitas pessoas sem instrução compreendem perfeitamente o
Espiritismo, enquanto que outras, mesmo possuindo muito estudo, não o aceitam.
O mesmo ocorreu com os
apóstolos de Jesus e os cristãos...
Quanto
mais espiritualizada, mais facilmente a pessoa compreende as mensagens da vida
espiritual...
É preciso, pois, domínio sobre a matéria...
Daí a conclusão de Allan Kardec, citada na
introdução: “Reconhece-se o verdadeiro espírita [...]”.
Quando percebermos e pusermos
em prática os amorosos conselhos do Mestre Divino, certamente reconheceremos
as vantagens de vivermos em harmonia com o nosso próximo.
Em O Livro dos Espíritos, temos algumas informações
fundamentais para uma vida melhor.
Uma delas é a de que a fonte de nossos
sofrimentos se baseia em dois sentimentos: egoísmo e orgulho.
A outra é a de que uma só
coisa é necessária para vivermos bem: devotamento ao próximo, ou seja,
vivenciar o amor na sua mais alta expressão.
Assim,
pelo devotamento e abnegação, dizem os bons Espíritos, estaremos pondo em
prática a mais excelsa das virtudes: a Caridade.
Quando entendermos isso, estaremos
no caminho que nos tornará homens e mulheres bons."
Revista Espirita "O Reformador" • Junho 2010
"O Cristo não pediu
muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes
sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.".
Chico
Xavier
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