Espiritismo: Perguntas e Respostas (1 de outubro)



            Mais uma noite de trabalho diferente, a palestra de terça-feira, dia 1 de outubro, dará lugar novamente a uma noite de perguntas e respostas em torno da Doutrina Espírita.
E porque aprendemos uns com os outros, todas as questões são igualmente válidas.
 Tragam as vossas dúvidas e questões e juntos procuraremos esclarecê-las à luz do Espiritismo.

            “O Espiritismo contribui para a regeneração da Humanidade: isto é um fato constatado. Ora, não podendo essa regeneração operar-se senão pelo progresso moral, resulta que seu objetivo essencial, providencial, é o melhoramento de cada um; os mistérios que pode nos revelar são a parte acessória, porquanto, ao nos abrir o santuário de todos os conhecimentos só estaremos mais adiantados para o nosso estado futuro se formos melhores. Para nos admitir no banquete da suprema felicidade, Deus não pergunta o que sabemos, nem o que possuímos, mas o que valemos e o bem que fizemos.
Portanto, é acima de tudo pelo seu melhoramento individual que todo espírita sincero deve trabalhar. Só aquele que dominou suas más tendências aproveitou realmente o Espiritismo e receberá a sua recompensa. É por isto que os espíritos bons, por ordem de Deus, multiplicam suas instruções e as repetem até à saciedade; só um orgulho insensato pode dizer: não preciso de mais. Só Deus sabe quando serão inúteis, e só a ele cabe dirigir o ensino de suas mensagens e de o proporcionar ao nosso adiantamento.
Contudo, vejamos se, fora do ensinamento puramente moral, os resultados do Espiritismo
são tão estéreis quanto pretendem alguns.
1o – Antes de mais ele dá, como todos sabem, a prova patente da existência e da imortalidade da alma. Não é uma descoberta, é verdade, mas é por falta de provas sobre este ponto que há tantos incrédulos ou indiferentes quanto ao futuro; é provando o que não passava de teoria que ele triunfa sobre o materialismo e previne suas funestas consequências para a sociedade. Tendo mudado em certeza a dúvida quanto ao futuro, o Espiritismo opera toda uma revolução nas ideias, cujos resultados são incalculáveis. Se aí se limitasse exclusivamente o resultado das manifestações, quão imensos seriam esses
resultados!
2o – Pela firme crença que desenvolve, exerce poderosa ação sobre o moral do homem; impele-o ao bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida e lhe desvia do pensamento o suicídio.
3o – Retifica todas as ideias falsas que se tivessem sobre o futuro da alma, sobre o céu, o inferno, as penas e recompensas; destrói radicalmente, pela irresistível lógica dos fatos, os dogmas das penas eternas e dos demónios; numa palavra, descobre-nos a vida futura e no-la mostra racional e conforme à justiça de Deus. É ainda uma coisa que tem muito valor.
4o – Dá a conhecer o que se passa no momento da morte; este fenómeno, até hoje insondável, não mais tem mistérios; as menores particularidades dessa passagem tão temível são hoje conhecidas. Ora, como todos morrem, este conhecimento interessa a todo o mundo.
5o – Pela lei da pluralidade das existências, abre um novo campo à filosofia; o homem sabe de onde vem, para onde vai e com que objetivo está na Terra. Explica a causa de todas as misérias humanas, de todas as desigualdades sociais; dá as próprias leis da Natureza como base dos princípios de solidariedade universal, de fraternidade, de igualdade e de liberdade, que só se assentavam na teoria. Enfim, projeta luz sobre as mais árduas questões da metafísica, da psicologia e da moral.
(…)
            A descoberta da reencarnação e do perispírito não pertence, pois, ao Espiritismo; é coisa resolvida. Mas, até ele, que proveito a Ciência, a moral, as religiões haviam tirado desses dois princípios, ignorados pelas massas e ficados em estado de letra morta? Ele não só os expôs à luz, os provou e faz reconhecer como leis da Natureza, mas os desenvolveu e faz frutificar; deles já fez saírem numerosos e fecundos resultados, sem os quais não se poderia compreender uma infinidade de coisas; diariamente ele nos faz compreender outras novas e estamos longe de haver esgotado esta mina. Considerando-se que esses dois princípios eram conhecidos, por que ficaram improdutivos por tanto tempo? Por que, durante tantos séculos, todas as filosofias se chocaram contra tantos problemas insolúveis? É que eram diamantes brutos, que deviam ser lapidados. É o que faz o Espiritismo. Ele abriu uma nova via à filosofia ou, melhor dizendo, criou uma nova filosofia, que diariamente ocupa seu lugar no mundo. Então estes resultados são de tal modo nulos que devemos apressar a marcha para descobertas mais verdadeiras e mais sólidas?
            Em resumo, de um certo número de verdades fundamentais, esboçadas por alguns cérebros de escol e conservadas, em sua maioria, como que em estado latente, uma vez que foram estudadas, elaboradas e provadas, de estéreis que eram tornaram-se uma mina fecunda, de onde saíram uma multidão de princípios secundários e aplicações, e abriram um vasto campo à exploração, novos horizontes à Ciência, à filosofia, à moral, à religião e à economia social.
            Tais são, até hoje, as principais conquistas devidas ao Espiritismo, e não temos feito mais do que indicar os pontos culminantes. Supondo que devessem limitar-se a isto, já nos poderíamos dar por satisfeitos, e dizer que uma ciência nova, que dá tais resultados em menos de dez anos, não pode ser acusada de nulidade, porque toca em todas as questões vitais da Humanidade e traz aos conhecimentos humanos um contingente que não é para desdenhar. Até que esses únicos pontos tenham recebido todas as aplicações de que são suscetíveis, e que os homens os tenham aproveitado, ainda se passará muito tempo, e os espíritas que os quiserem pôr em prática para si próprios e para o bem de todos, não ficarão desocupados.
            Esses pontos são outros tantos focos de onde irradiarão inumeráveis verdades secundárias, que se trata de desenvolver e aplicar, o que se faz todos os dias, porque diariamente se revelam fatos que levantam uma nova ponta do véu. O Espiritismo deu sucessivamente e em alguns anos todas as bases fundamentais do novo edifício. Cabe agora aos seus adeptos pôr em obra esses materiais, antes de pedir outros novos. Deus saberá bem lhos fornecer, quando tiverem acabado sua tarefa.”
                                                                                       Revista Espírita de agosto de 1865
           
            O Espiritismo bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, conduz forçosamente aos resultados acima, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o verdadeiro cristão, pois um e outro são a mesma coisa. O Espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo, ao dar uma fé sólida e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.”
                                                           Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4

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