Espreitando o Espiritismo – A Vida futura (17 de setembro)
“Em todos os tempos, o homem se
preocupou com o futuro de além-túmulo, o que é muito natural. Qualquer que seja
a importância dada à vida presente, ele não pode deixar de considerar quanto é
curta e sobretudo precária, pois pode ser interrompida a cada instante e jamais
ele se acha seguro do dia de amanhã. Em que se tornará depois do instante
fatal? A pergunta é grave, pois não se trata de alguns anos, mas da eternidade.
Aquele que deve passar longos anos num país estrangeiro se preocupa com a
situação em que se encontrará no mesmo. Como não nos preocuparmos com a que
teremos ao deixar este mundo, desde que o será para sempre?
A ideia do
nada tem algo que repugna à razão. O homem mais despreocupado nesta vida,
chegado o momento supremo, pergunta a si mesmo o que será feito dele e
involuntariamente fica na expectativa.
Crer
em Deus sem admitir a vida futura seria um contrassenso. O sentimento de uma
existência melhor está no foro íntimo de todos os homens e Deus não o pôs ali
em vão.
A vida
futura implica a conservação da nossa individualidade após a
morte. Que nos importaria sobreviver ao corpo, se a nossa essência
moral tivesse de perder-se no oceano do infinito? As consequências disso para
nós seriam as mesmas do nada.”
Livro Dos Espíritos, Comentário de
Kardec: Questão
nº 959
O
DESPERTAR DO ESPÍRITO
Médium
– Sra. Costel
Quando
o homem abandona os despojos mortais, experimenta um espanto e um
deslumbramento que o deixam por algum tempo indeciso quanto ao seu estado real;
não sabe se está morto ou vivo e suas sensações, muito confusas, demoram
bastante para aclarar-se. Pouco a pouco, os olhos do Espírito ficam
deslumbrados por diversas claridades que o cercam e ele acompanha toda uma
ordem de coisas, grandes e desconhecidas, que de início tem dificuldade em
compreender, mas em breve reconhece que não passa de um ser impalpável e
imaterial; procura seus despojos e se surpreende de não os encontrar; passa-se
algum tempo antes que lhe venha a memória do passado e o convença de sua
identidade. Olhando a Terra, que acaba de deixar, vê os parentes e amigos que o
pranteiam, como vê o corpo inerte. Finalmente seus olhos se destacam da Terra e
se elevam para o Céu; se a vontade de Deus não o retém no solo, ele sobe
lentamente e se sente flutuar no espaço, o que é uma sensação deliciosa. Então
a lembrança da vida que deixa lhe aparece com uma clareza às mais das vezes
desoladora, mas outras vezes consoladora. Falo-te aqui do que experimentei, eu
que não sou um Espírito mau, mas que não tenho a felicidade de ocupar uma
posição elevada. Nós nos despojamos de todos os preconceitos terrenos; a
verdade aparece em toda a sua luz; nada atenua as faltas, nada oculta as
virtudes; vemos nossa alma tão claramente quanto num espelho; procuramos entre
os Espíritos os que foram conhecidos, porque o Espírito se apavora no seu
isolamento, mas eles passam sem se deterem; não há relações amistosas entre os
Espíritos errantes; aqueles mesmos que se amaram não trocam sinais de
reconhecimento; essas formas diáfanas deslizam e não se fixam; as comunicações
afetuosas são reservadas aos Espíritos superiores, que intercambiam seus
pensamentos. Quanto a nós, nosso estado transitório só serve para o nosso
adiantamento, tendo em vista que nada nos distrai; as únicas comunicações que
nos são permitidas são com os humanos, porque têm um fim de mútua utilidade,
que Deus prescreve
Os
Espíritos maus também contribuem para a melhoria humana: servem para as provas;
quem lhes resiste, conquista méritos. Os Espíritos que dirigem os homens são
recompensados por um grande abrandamento de suas penas. Os Espíritos errantes
não sofrem a ausência de comunicações entre si, pois sabem que se encontrarão;
têm apenas mais ardor para chegar ao momento em que as provas realizadas lhes darão
o objeto de sua afeição, que não pode ser expressa, mas que neles jaz latente.
Nenhum dos laços que contraímos na Terra se desfaz; nossas simpatias serão
restabelecidas na ordem em que tiverem existido, mais ou menos vivas conforme o
grau de calor ou de intimidade que tiverem tido.”
Georges
Revista
Espírita de outubro de 1860
A Vida
Futura
“O Espiritismo veio completar,
nesse ponto, como em muitos outros, o ensinamento do Cristo, quando os homens
se mostraram maduros para compreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida
futura não é mais simples artigo de fé, ou simples hipótese. É uma realidade
material, provada pelos fatos. Porque são as testemunhas oculares que a vêm
descrever em todas as suas fases e peripécias, de tal maneira, que não somente
a dúvida já não é mais possível, como a inteligência mais vulgar pode fazer uma
ideia dos seus mais variados aspetos, da mesma forma que imaginaria um país do
qual se lê uma descrição detalhada. Ora, esta descrição da vida futura é de tal
maneira circunstanciada, são tão racionais as condições da existência feliz ou
infeliz dos que nela se encontram, que acabamos por concordar que não podia ser
de outra maneira, e que ela bem representa a verdadeira justiça de Deus.”
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. II, item 3
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