As minhas escolhas (16 de junho)





Hoje vamos procurar refletir na forma como fazemos as nossas escolhas.
Elas acontecem quase ao ritmo do bater do coração, pois é uma constante, estamos sempre a escolher, até quando escolhemos não escolher, nós o fazemos. E é tão impressionante observar a sucessão de acontecimentos que partiram de uma escolha nossa e que raras vezes tem ação apenas sobre nós.
As nossas escolhas cruzam-se, influenciam, condicionam as dos outros e vice-versa. O tema é um convite ao exercício individual de reflexão. Se em dada altura eu tivesse escolhido ir..., ficar..., fazer..., não ter feito... como teria sido? O que me levou a essa escolha? Como faria hoje?
Não é para deprimir ninguém, é para assumir que independentemente de tudo...eu
escolhi!
Mas como o fazemos? O que é que em nós determina as nossas escolhas?
Uns dizem que escolhem com a cabeça, outros com o coração, ou seja, com a razão ou
com a emoção. Talvez seja isso, que tantas vezes
nos leva a escolhas pouco assertivas, afinal somos um todo e não há porque escolher entre a razão e emoção. Cada escolha deve ser feita em consciência, mas envolta no que há de melhor em nós. Podemos pensar que este tipo de escolha só é possível ser aplicada se tivermos no mínimo 8 dias para o fazer... pensar, ponderar, refletir..., mas como estamos sempre a escolher não dá tempo...
Tal pensamento não é verdadeiro, o que se passa é que temos falta de treino, encontramo-nos pouco aptos, não nos exercitamos nas escolhas do passado, não observamos do ponto de vista educativo as escolhas dos outros, e sempre que possível, tentámos colocar as nossas escolhas nas mãos de terceiros, para no caso de correr mal, os responsabilizarmos pela escolha feita, ou seja, não temos trabalhada a nossa capacidade de bem escolher.
Nesta questão como em muitas abordadas, temos a máxima délfica "conhece-te a ti mesmo".
Ana Duarte, Associação Espírita de
Évora


Aqui ficam algumas sugestões de leitura acerca do tema:

O
LIVRE-ARBÍTRIO E A PRESCIÊNCIA DIVINA
(Thionville,
5 de janeiro de 1863 – Médium: Dr. R....)
“Há uma grande lei que domina todo o Universo: a lei do Progresso. É em virtude
dessa lei que o homem, criatura essencialmente imperfeita, deve, como tudo quanto existe em nosso globo, percorrer todas as fases que o separam da perfeição. Sem dúvida Deus sabe quanto tempo cada um levará, para chegar ao fim; mas como todo progresso deve resultar de esforço tentado para o realizar, não haveria nenhum mérito se o homem não tivesse a liberdade de tomar este ou aquele caminho. Com efeito, o verdadeiro mérito não pode resultar senão de um trabalho operado pelo Espírito para vencer uma resistência mais ou menos considerável.
Como cada um ignora o número de existências consagradas ao seu adiantamento moral, ninguém pode prejulgar nesta grande questão, e é aí, sobretudo, que brilha de maneira admirável a infinita bondade de nosso Pai celeste que, nada obstante o livre-arbítrio que nos conferiu, semeou em nosso caminho postes indicadores que iluminam os desvios. É, pois, por um resquício de predominância de matéria que muitos homens se obstinam em ficar surdos às advertências que lhes chegam de todos os lados, preferindo gastar em prazeres enganadores e efêmeros uma vida que lhes fora concedida para o progresso de seu Espírito.
Não se poderia afirmar, sem blasfêmia, que Deus tenha querido a infelicidade de suas criaturas, já que os infelizes expiam sempre, tanto numa vida anterior mal-empregada,
quanto por sua recusa em seguir o bom caminho, quando este lhe era claramente indicado.
Assim, depende de cada um abreviar a prova que deve sofrer. Para isto, guias seguros, bastante numerosos, lhe são concedidos, para que seja inteiramente responsável
por sua recusa de seguir seus conselhos; e ainda neste caso, existe um meio certo de abrandar uma punição merecida, dando sinais de sincero arrependimento e recorrendo à prece, que jamais deixa de ser atendida, quando feita com fervor. O livre-arbítrio, pois, existe realmente no homem, mas com um guia: a consciência.
Vós todos que tendes acesso ao grande foco da nova ciência, não negligencieis de
vos penetrar das eloquentes verdades que ela vos revela, e dos admiráveis princípios que são a sua consequência; segui-os fielmente: é aí, sobretudo, que refulge o vosso livre-arbítrio.
Pensai, por um lado, nas consequências fatais que arrastareis para vós ao vos recusardes a seguir o bom caminho, bem como nas magníficas recompensas que vos aguardam, caso obedeçais às instruções dos Espíritos bons; é aí que luzirá, por sua vez, a presciência divina.
Os homens se esforçam inutilmente em buscar a verdade por todos os meios que julgam ter na Ciência; esta verdade que lhes parece escapar caminha sempre ao seu lado e os cegos não a percebem! Espíritos sábios de todos os países, aos quais é dado levantar a ponta do véu, não negligencieis os meios que vos são oferecidos pela Providência! Provocai nossas manifestações; fazei que delas se aproveitem sobretudo vossos irmãos menos favorecidos que vós; inculcai em todos os preceitos que vos chegam do mundo espiritual, e tereis bem merecido, porque havereis contribuído em larga escala para a realização dos desígnios da Providência.”
Espírito familiar 
Revista Espírita de Outubro de 1863

Dissertações Espíritas
CONHECER-SEA SI MESMO
(Sociedade Espírita de Sens, 9 de março de 1863)

“O que muitas vezes impede que vos corrijais de um defeito, de um vício, é, certamente, o fato de não perceberdes que o tendes. Enquanto vedes os menores defeitos do vizinho, do irmão, nem sequer suspeitais que tendes as mesmas faltas, talvez cem vezes maiores que as deles. Isto é consequência do orgulho, que vos leva, como a todos os seres imperfeitos, a não achar nada de bom senão em vós. Deveríeis analisar-vos um pouco como se não fôsseis vós mesmos. Imaginai, por exemplo, que aquilo que fizestes ao vosso irmão, foi vosso irmão que vos fez. Colocai-vos em seu lugar: que faríeis? Respondei sem segundas intenções, pois acredito que desejais a verdade. Fazendo isto, estou certo de que muitas vezes encontrareis defeitos vossos que antes não havíeis notado. Sede francos convosco mesmos; travai conhecimento com o vosso caráter, mas não o estragueis, porque as crianças mimadas muitas vezes se tornam más e aqueles que as mimam em excesso são os primeiros a sentir os efeitos. Voltai um pouco o alforje onde são colocados os vossos e os defeitos alheios. Ponde os vossos à frente e os dos outros para trás e tende cuidado para não baixar a cabeça quando tiverdes vossa carga à frente.”
La Fontaine Revista Espírita, junho de 1863

            “Muitos de vós dizeis ainda: “Oh! somos tão numerosos na terra, que Deus não pode ver-nos a todos!” Escutai bem isso, meus amigos: quando estais no alto de uma montanha, vosso olhar não abarca os bilhões de grãos de areia que a cobrem? Pois bem: Deus vos vê da mesma maneira; e Ele vos deixa o vosso livre arbítrio, como também deixais esses grãos de areia ao sabor do vento que os dispersas. Com a diferença que Deus, na sua infinita misericórdia, pôs no fundo do vosso coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Ouvi-a, que ela vos dará bons conselhos. Por vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal, e então ela se cala. Mas ficai seguros de que a
pobre relegada se fará ouvir, tão logo a deixardes perceber a sombra do remorso. Ouvi-a, interrogai-a, e frequentemente sereis consolados pelos seus conselhos.”

Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, item 10 I – A Caridade Materiale a Caridade Moral

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