Perguntas e Respostas (2 de junho)


Na primeira terça-feira de cada mês, a palestra na nossa Casa Espirita, dá lugar a um momento de grande mais valia para todos, noite de Perguntas e Respostas. 

Deste feita, como ainda nos encontramos fisicamente impossibilitados de frequentar a Associação, aqui ficam algumas perguntas e respostas de grande interesse retiradas do livro "Diretrizes de Segurança", Divaldo Franco e Raul Teixeira


5. De que dispõe o médium psicofónico consciente para distinguir seu pensamento do pensamento da entidade comunicante? 
Divaldo - O médium consciente dispõe do bom senso. Eis porque, antes de exercitar a mediunidade deve estudá-la; antes de entregar-se ao ministério da vivência mediunica é-lhe lícito entender o próprio mecanismo do fenómeno mediunico. Allan Kardec, aliás, sábio por excelência, teve a inspiração ditosa de primeiro oferecer à Humanidade O Livro dos Espíritos, que é um tratado de filosofia moral. Logo depois, O Livro dos Médiuns, que é um compêndio de metodologia do exercício da faculdade mediunica. Há de ver-se, no capítulo 3º, que é dedicado ao método, sobre a necessidade de o indivíduo conhecer a função que vai disciplinar. Então o médium tem conhecimento de suas próprias aptidões e de sua capacidade de exercitá-las. Na mediunidade consciente ou lúcida o fenómeno é, a princípio, “inspirativo”. Naturalmente os espíritos se utilizam do nível cultural do médium, o mesmo ocorrendo nas demais expressões mediúnicas: na semiconsciente e na inconsciente ou sonambúlica. O médium, no começo, terá que vencer o constrangimento da dúvida, em cujo período ele não tem maior certeza se a ocorrência parte do seu inconsciente, dos arquivos da memória anterior, ou se provém da indução de natureza extrínseca. Através do exercício, ele adquirirá um conhecimento de tal maneira equilibrado que poderá identificar quando se trata de si próprio - animismo ou de interferência espiritual - mediunismo. Através da lei dos fluidos, pelas sensações que o médium registra, durante a influência que o envolve, passa a identificar qual a entidade que dele se acerca. A partir daí, se oferece numa entrega tranquila, e o espírito que o conduz inspira-o além da sua própria capacidade dando leveza às suas ideias habituais, oferecendo-lhe a possibilidade de síntese que não lhe é comum, canalizando ideias às quais não está acostumado e que ocorrem somente naquele instante da concentração mediunica. Só o tempo, porém, pelo exercício continuado, oferecerá a lucidez, a segurança para discernir quando se trata de informação dos seus próprios arquivos ou da interferência dos Bons Espíritos. 

7. Pode o médium, em algumas comunicações, não conseguir evitar, totalmente, as atitudes desequilibradas dos espíritos comunicantes? 
Divaldo - À medida que o médium educa a força nervosa, logra diminuir o impacto do desequilíbrio do comunicante. É compreensível que, em se comunicando um suicida, não venhamos a esperar harmonia por parte da entidade em sofrimento; alguém que foi vítima de uma tragédia sendo arrebatado do corpo sem o preparo para a vida espiritual apresentará no médium o estertor do momento final, na própria comunicação, algumas convulsões em virtude do quadro emocional em que o espírito se encontra. Há, porém, certos cacoetes e viciações que nos cumpre disciplinar. Há médiuns que só incorporam (termo incorreto), isto é, somente dão comunicação psicofónica, se bocejarem bastante. Para dar um toque de humor: quando eu comecei a frequentar a Casa Espírita, na minha terra natal, a primeira parte era um Deus-nos-acuda! Porque as pessoas bocejavam e choravam, demasiadamente. Eu, como era médium principiante, cria que também deveria bocejar de quebrar o queixo. A “médium principal”, que era uma senhora muito católica, iniciava as comunicações sempre depois de intermináveis bocejos e tosses que a levavam às lágrimas. Hoje não bocejo, nem no meu estado normal. Quando eles vêm eu cerro os dentes e os evito. É lógico que uma entidade sofredora nos impregna de energia perniciosa, advindo o desejo de exteriorizar pelo bocejo. É uma forma de eliminar toxinas. Mas nós podemos eliminá-las pela sudorese, por outros processos orgânicos, não necessariamente o bocejo. Há outros médiuns que têm a dependência, de todas as vezes em que vão comunicar-se os espíritos, bater na mesa ou bater os pés, porque se não baterem não se comunicam. Lembro de uma vez em que tivemos uma mesa redonda. O presidente da mesa era um homem muito bom, muito evangelizado, mas não havia entendido bem a Doutrina, tendo ideias doutrinárias muito pessoais. Ele me perguntou quando é que o espírito incorpora no médium. Mas logo respondeu: “A gente chupa... chupa... até engolir! Não é verdade ?“. São cacoetes, destituídos de sentido e lógica. Os médiuns têm o dever de coibir o excesso de. distúrbios da entidade comunicante. Na minha terra, vi senhoras que se jogavam no chão, e vinham os cavalheiros prestimosos ajudá-las... Graças a Deus eram todas magrinhas... O médium deve controlar o espírito que se comunica, para que este lhe respeite a instrumentalidade, mesmo porque o espírito não entra no médium. A comunicação é sempre através do perispírito, que vai oferecer campo ao desencarnado. Todavia, a diretriz é do encarnado. 

31. Qual o objetivo de uma sessão mediúnica? 
Divaldo - É acima de tudo uma oportunidade de o indivíduo auto-reformar-se; de fazer silêncio para escutar as lições dos espíritos que nos vêm, depois da morte, chorando e sofrendo, sendo este um meio de evitar que caiamos em seus erros. É também esquecer a ilusão de que nós estejamos ajudando os espíritos, uma vez que eles podem passar sem nós. No mundo dos espíritos, as Entidades Superiores promovem trabalhos de esclarecimento e de socorro em seu favor; nós, entretanto, necessitamos deles, mesmo dos sofredores, porque são a lição de advertência em nosso caminho, convidando-nos ao equilíbrio e à serenidade. Assim, vemos que a ajuda é recíproca: O médium é alguém que se situa entre os dois hemisférios da vida. O membro de um labor de socorro medianímico é alguém que deve estar sempre às ordens dos Espíritos Superiores para os misteres elevados. À hora da reunião, devem-se manter, além das atitudes sociais do equilíbrio, a serenidade, um estado de paz interior compatível com as necessidades do processo de sintonia, sem o que, quaisquer tentames neste campo redundarão inócuos, senão negativos. Depois da reunião é necessário manter-se o mesmo ambiente agradável, porque, à hora em que cessam os labores da incorporação, ou da psicografia, o fenômeno objetivo externo, em si, não cessam os trabalhos mediúnicos no mundo espiritual. Quando um paciente sai da sala cirúrgica, o pós-operatório é tão importante quanto a própria cirurgia. Por isso, o paciente fica carinhosamente assistido por enfermeiros vigilantes que estão a postos para atendê-lo em qualquer necessidade que venha a ocorrer. Quando termina a lide mediúnica, ali vai encerrada, momentaneamente a tarefa dos encarnados, a fim de recomeçá-la, logo mais, no instante em que ele penetre a esfera do sono, para prosseguir sob outro aspecto ajudando os que ficaram de ser atendidos e não puderam, por uma ou outra razão. Então, convém que, ao terminar a reunião mediúnica seja mantida a psicosfera agradável em que as conversas sejam edificantes. Pode-se e deve-se fazer uma análise do trabalho realizado, um estudo, um cotejo no campo das comunicações e depois uma verificação da produtividade; tudo isto em clima salutar de fraternidade objetivando dirimir futuras inquietações e problemas Outros.

54. Quais seriam as etapas a serem percorridas pelo médium na sua educação mediúnica? 
Raul - Segundo Allan Kardec, em: O Livro dos Médiuns, a mediunidade não deverá ser explorada antes que venha a eclodir. Dever-se-ia esperar que ela brotasse e, a partir de então, se lhe daria o devido trato. Sendo assim, embora encontremos muitos companheiros que se candidatam ao exercício da mediunidade, sem que jamais hajam sentido coisa alguma que lhes demonstre serem portadores desse grau ostensivo de mediunidade, as nossas Instituições Espíritas devem estar sempre em guarda cuidadosa, para que não inaugurem o sistema de fabricação mediúnica destituída de qualquer valor doutrinário, uma vez que há companheiros que se aproximam das Instituições Espíritas, portando tais peculiaridades mediúnicas já em processo de desabrochamento. A Instituição orientada pela Doutrina deverá aproximá-los dos estudos doutrinários, das reuniões doutrinárias, do trabalho assistencial em favor de necessitados, daqueles labores que possam gradativamente disciplinar a criatura. Não é oportuno que ela chegue ao Centro e seja, de imediato, encaminhada à mesa de trabalhos mediúnicos, mas, sim, introduzida no campo de estudo, de conhecimento doutrinário espírita. Se a pessoa estiver com a mediunidade atormentada será encaminhada para tratamento através de passes, explicações doutrinárias e da participação nas reuniões de estudos, para que possa, gradualmente, ir assentando essas energias revoltas, equilibrando-se até que possa chegar à atividade propriamente mediúnica. Isto porque, se aproximarmos a criatura, sem nenhum conhecimento espírita da mediunidade, aquilo não lhe sendo compreensível poderá afastá-la ou perturbá-la ainda mais. Não sabendo o que ocorre consigo mesma, a pessoa, ao invés de entregar-se ao labor, procura fugir, procura criar empecilhos de maneira consciente ou inconsciente. E é exatamente por isso que, não oferecendo a mediunidade nenhum espetáculo, sendo um fenômeno natural, exigirá que o companheiro tenha, pelo menos, as primeiras noções basilares do que a Doutrina Espírita nos fala a respeito desse tentame. Por isso, aqueles que se aproximam da mediunidade deverão encontrar, nas Instituições Espíritas, a orientação para o tratamento, para o trabalho e para o estudo conforme Allan Kardec nos preceitua.  

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