Preconceito, reflexo da minha infantilidade espiritual (23 de junho)


Deus concebeu a humanidade dotada de inigualável beleza, quais diferentes flores de um jardim de variadas cores, tamanhos, aromas…que pela sua diferença tornam o ambiente rico.
Porém, na nossa condição de crianças espirituais nem sempre lidamos bem com a diferença, com a nossa e com a dos outros. Afinal, ser diferente não é ser menos é simplesmente ser!
Quando analisamos estas temáticas o primeiro olhar deve recair sobre nós mesmos, identificando as nossas próprias caraterísticas físicas, o que gostamos e não gostamos em nós. Temos muita facilidade em enumerar qualidades e muita dificuldade em assumir defeitos, vícios e limitações.
Lidamos aqui com uma grande dificuldade do ser humano, o PRECONCEITO que aliado ao egoísmo são os responsáveis pela falta de aceitação. Quando percebemos que conseguimos ser preconceituosos connosco próprios, ao não aceitarmos as nossas caraterísticas, com os nossos filhos, procedendo da mesma forma, então todo o processo de aceitação do outro se torna mais difícil.
 “É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito” (Albert Einstein).

Como não podia deixar de ser, também somos preconceituosos com a sociedade em geral, fazemos diferença na cor, aspeto físico, cultura, país de origem, condição social e económica, religião, escolha sexual, etc...
Quem hoje, quer derrubar estátuas reescrever a história de um país, do mundo, não sabe que a vida continua. Que independentemente de nos orgulharmos ou envergonharmos do passado, isso não o muda, mas quando olhamos para trás estudamos os factos e sabendo que a história sempre se repete, que os protagonistas vão e vêm de reencarnação em reencarnação, percebemos que nos é nos possível escrever uma nova história mais interessante e meritória, assente no passado o que, aí sim, irá denotar evolução moral na sociedade, até porque nada é bom ou mau sem um termo de comparação.

Nunca se para violência com violência ou preconceito com falta de aceitação...vai levar tempo...vai!
As verdadeiras mudanças sempre levam tempo, as mudanças que dependem do crescimento moral mais ainda. Pois se nos é tão difícil individualmente mudar hábitos vícios, que dirá em grupo, onde o espírito de partilha de uma ideia ou intenção inflama e potência.

A sociedade é preconceituosa? Sim!...racista...xenófoba? Sim!... ainda!!! Porque cada um de nós ainda o é.
Existe uma enorme diferença entre a forma como nos assumimos na sociedade, tendo em conta os padrões ditos corretos e o que fervilha dentro de cada um, que não aceita, não tolera, não admite e que por isso...não age...reage, na maioria das vezes da pior forma. Não apenas quando se trata de atos declarados de violência captados por uma câmara que correm mundo, mas sempre que é negada uma oportunidade, ajuda, prestação de um serviço, sempre que fazemos o oposto daquilo que desejávamos que nos fizessem.
Não é grave apenas quando fica o registo da imagem, quando esta toma conta das redes sociais. É grave, chocante, triste todos os dias em que situações de abuso de poder e humilhação acontecem ainda que sem testemunhas, na realidade apenas fingimos não saber para não nos incomodarmos, para não pensarmos, para não nos envolvermos.

A cor da pele não define a capacidade ou o caráter de um homem. As minorias são apenas sociais, ninguém é menor aos olhos de Deus (apenas aos olhos de alguns homens). Portugal, não é dos portugueses, que por vezes não conseguem gerir a sua casa e acham-se donos de um país.

Carregamos uma herança de hipocrisia, da qual talvez ainda levemos séculos para nos libertarmos, onde o parecer ainda prevalece em detrimento do ser, e quando vemos outros com a coragem que nos falta de assumirem os seus gostos, as suas escolhas a resposta social "manda" ostracizar.

Para todos os intolerantes sociais (aqueles que não se autoconhecem, não se respeitam e não se amam) onde nos incluímos se for o caso, o nosso pensamento de compreensão e a nossa prece, percebendo que ainda se encontram num caminho mais pedregoso do que aqueles a quem mal tratam.

Todos servimos aos propósitos de Deus e sempre que aceitamos o outro, aceitamos a nossa própria condição.
Assim, aceitar a diferença no outro é respeitá-lo como ele é, com o que tem de bom e menos bom. Como disse Kardec, podemos não conseguir amar da mesma forma aquele que nos trata bem e aquele que nos trata mal, mas podemos respeitá-lo, ajudá-lo e daí nascerá a simpatia, depois a afetividade e mais tarde o amor.
Desta forma para aceitarmos a diferença no outro é preciso aceitarmos as diferenças em nós! Não conseguiremos amar o outro sem nos amarmos, nem aceitar o outro sem nos aceitarmos.
“AMAI A DEUS acima de todas as coisas e AO PRÓXIMO como A SI MESMO.” (Jesus)

Ana Duarte, Associação Espírita de Évora

Podemos encontrar no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.XI, “Amar o próximo como a si mesmo”, estas sábias palavras, que ganharão verdadeiramente força e sentido quando transformarmos a palavra em ação e falarmos através do nosso exemplo.

4. “Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para connosco, do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem dissensões, mas, tão-somente, união, concórdia e benevolência mútua.



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Literatura Espírita

Ciúme (17 janeiro)