Eu escolho viver (8 de setembro)


No dia 10 de setembro, assinala-se o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, porém, esta prevenção de elevada importância deve ter lugar durante todo o ano.

Ninguém está livre de fraquejar diante das provações da vida. A corrida diária numa sociedade que nos pede sempre mais, ainda voltada para o materialismo, consumismo e competitividade, fraca em verdadeiros valores etico-morais é uma falsa porta aberta para o suicidio como termino de uma existencia de dor, frustração ou perda se sentido. Por isso, é importante termos consciência de que se vivemos em sociedade, compete a todos ter um papel ativo, cuidadoso e fraterno para com os que nos rodeiam. 

Saber que não caminhamos sós que existem mãos amigas disponíveis para o necessário socorro é fundamental para aqueles que se vêem quase além do limite da dor.

Falar sobre o tema, mantê-lo vivo entre nós, alertando para o facto de que ninguém morre e que tal ato de despero conhecerá difíceis consequências é uma boa forma de prevenção, pois ninguém previne negligênciando. 

A Doutrina Espirita fortalece-nos nesse sentido, pois traz-nos o conhecimento de que a vida continua, bem como, testemunhos dados na primeira pessoa, através de psicografia, daqueles companheiros que nos vem dizer que apesar de terem desistido da vida, continuam vivos e, a condição que experimentaram por ter desafiado as leis da natureza que são as Leis de Deus.

Viver é sempre  a melhor opção e nada nos fortalece mais perante as adversidades que o conhecimento, partilhamos assim informação presente no Evangelho Segundo o Espiritismo e no Livro dos Espíritos.

14. A calma e a resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio. Com efeito, é certo que a maioria dos casos de loucura se deve à comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem de suportar. Ora, se encarando as coisas deste mundo da maneira por que o Espiritismo faz que ele as considere, o homem recebe com indiferença, mesmo com alegria, os reveses e as decepções que o houveram desesperado noutras circunstâncias, evidente se torna que essa força, que o coloca acima dos acontecimentos, lhe preserva de abalos a razão, os quais, se não fora isso, a conturbariam.

15. O mesmo ocorre com o suicídio. Postos de lado os que se dão em estado de embriaguez e de loucura, aos quais se pode chamar de inconscientes, é incontestável que tem ele sempre por causa um descontentamento, quaisquer que sejam os motivos particulares que se lhe apontem. Ora, aquele que está certo de que só é desventurado por um dia e que melhores serão os dias que hão de vir, enche-se facilmente de paciência. Só se desespera quando nenhum termo divisa para os seus sofrimentos. E que é a vida humana, com relação à eternidade, senão bem menos que um dia? Mas, para o que não crê na eternidade e julga que com a vida tudo se acaba, se os infortúnios e as aflições o acabrunham, unicamente na morte vê uma solução para as suas amarguras. Nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar pelo suicídio as suas misérias.

16. A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as ideias materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio; ocasionam a covardia moral. Quando homens de ciência, apoiados na autoridade do seu saber, se esforçam por provar aos que os ouvem ou lêem que estes nada têm a esperar depois da morte, não estão de fato levando-os a deduzir que, se são desgraçados, coisa melhor não lhes resta senão se matarem? Que lhes poderiam dizer para desviá-los dessa consequência? Que compensação lhes podem oferecer? Que esperança lhes podem dar? Nenhuma, a não ser o nada. Daí se deve concluir que, se o nada é o único remédio heróico, a única perspectiva, mais vale buscá-lo imediatamente e não mais tarde, para sofrer por menos tempo.
A propagação das doutrinas materialistas é, pois, o veneno que inocula a ideia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que se constituem apóstolos de semelhantes doutrinas assumem tremenda responsabilidade. Com o Espiritismo, tornada impossível a dúvida, muda o aspecto da vida. O crente sabe que a existência se prolonga indefinidamente para lá do túmulo, mas em condições muito diversas; donde a paciência e a resignação que o afastam muito naturalmente de pensar no suicídio; donde, em suma, a coragem moral.

ESE, Cap. V - Suicídio e Loucura


Do Livro dos Espíritos recomendamos a leitura atenta das questões 943 e seguintes, até esta que partilhamos:

957. Quais, em geral, com relação ao estado do Espírito, as consequências do suicídio?

“Muito diversas são as consequências do suicídio. Não há penas determinadas e, em todos os casos, correspondem sempre às causas que o produziram. Há, porém, uma consequência a que o suicida não pode escapar: o desapontamento. Mas, a sorte não é a mesma para todos; depende das circunstâncias. Alguns expiam a falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam.”

A observação, realmente, mostra que os efeitos do suicídio não são sempre os mesmos. Alguns há, porém, comuns a todos os casos de morte violenta e que são a consequência da interrupção brusca da vida. Há, primeiro, a persistência mais prolongada e tenaz do laço que une o Espírito ao corpo, por estar quase sempre esse laço na plenitude da sua força no momento em que é partido, ao passo que no caso de morte natural ele se enfraquece gradualmente, e muitas vezes se desfaz antes que a vida se haja extinguido completamente. As consequências desse estado de coisas são o prolongamento da perturbação que se segue à morte e da ilusão em que, durante mais ou menos tempo, o Espírito se conserva de que ainda pertence ao número dos vivos. (155 e 165)

A afinidade que permanece entre o Espírito e o corpo produz, nalguns suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo no Espírito, que, assim, a seu malgrado, sente os efeitos da decomposição, donde lhe resulta uma sensação cheia de angústias e de horror, estado esse que pode perdurar pelo tempo que devia durar a vida que sofreu interrupção. Não é geral este efeito; mas em nenhum caso o suicida fica isento das consequências da sua falta de coragem e, cedo ou tarde, expia, de um modo ou de outro, a culpa em que incorreu. Assim é que certos Espíritos, que foram muito desgraçados na Terra, disseram ter-se suicidado na existência precedente e submetido voluntariamente a novas provas, para tentarem suportá-las com mais resignação. Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria, de que inutilmente procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores, cujo acesso, porém, se lhes conserva interdito. A maior parte deles sofre o pesar de haver feito uma coisa inútil, pois que só decepções encontram.

A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às leis da Natureza. Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Entretanto, por que não se tem esse direito? Por que não é livre o homem de pôr termo aos seus sofrimentos? Ao Espiritismo estava reservado demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não somente é uma falta, por constituir infração de uma lei moral – consideração de pouco peso para certos indivíduos –, mas também um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes o contrário é o que se dá, como no-lo ensinam, não a teoria, porém os fatos que ele nos põe sob as vistas.



Recomendamos ainda a leitura do livro "Memórias de um suicida".


Durante este mês, de um modo especial traremos várias reflexões sobre este tema, abordando o suicídio nas diferentes idades e sempre numa atitude preventiva de esclarecimento e partilha.

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